Como raramente encontrei alguém com menos de 60 anos sinceramente conformado com o que é, sinto-me autorizado a supor que a maioria está moderada ou intensamente insatisfeita com a vida que conquistou e, se pudesse, mudaria. Feita a constatação, começam os problemas: dá muito trabalho mudar. E então, por inércia, preguiça, perda de motivação ou simples cansaço antecipado pela energia que teriam de desprender, desistem. Mas o conformismo não significa paz de espírito. Pelo contrário, deflagra uma cascata de sentimentos inferiores como despeito, fragmentação da autoestima, amargura e, invariavelmente, inveja dos que conseguiram. Como o instinto da preservação sempre prevalece, só resta a alternativa da falsa aparência.
Palavra de médico
O inesperado é delator do que somos
Colunista escreve em todas as edições do caderno Vida
J. J. Camargo