O ministro da Defesa do Brasil, José Mucio, pretende viajar à Suécia para sondar a possibilidade de venda do avião de carga militar Embraer C-390 Millennium para aquele país. Seriam quatro aeronaves. A parceria seria dentro da ideia de viabilizar mais rapidamente a vinda de caças suecos Saab Gripen F-39 adquiridos pelo Brasil. Há promessa de aquisição de 36 desses jatos de combate, mas só parte chegou até agora para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Em abril, a Saab e a Embraer assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para que ambas apoiem a escolha do C-390 Millennium como substituto do Lockeed C-130 da Força Aérea da Suécia. Seria um jato substituindo um avião turboélice, com vantagens, porque é mais moderno e tem a mesma capacidade de carga.
O curioso nesse possível acordo é de que o grande avião cargueiro C-390, capaz de levar dezenas de soldados, custa quase o mesmo que um caça Gripen, para um só piloto: cerca de US$ 80 milhões, cada (mais de R$ 400 milhões). Como pode? É que o caça tem função estratégica mortífera, capaz de neutralizar aeronaves e outros equipamentos inimigos a dezenas de quilômetros. Só para ficar num item que encarece seu custo.
O anúncio da possível parceria acontece em meio a uma trajetória ascendente de vendas do avião brasileiro C-390 da Embraer. A Áustria selecionou no mês passado essa aeronave para substituir três C-130 a hélice que possui. Portugal acertou a compra cinco jatos C-390 brasileiros. A Hungria adquiriu duas unidades e a Holanda assinou contrato para cinco aviões. Além das compras assinadas, a Embraer negocia com outros países, incluindo Índia, República Tcheca, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos.
A Saab já firmou parceria para montagem de uma uma linha de produção conjunta de caças Gripen no Brasil, onde serão produzidas 15 das atuais 36 aeronaves encomendadas pela FAB. Ampliar a presença no Exterior com mais vendas do C-390 é um objetivo fundamental da unidade de defesa da Embraer. Esse, aliás, é um dos assuntos mais comentados entre os pilotos das duas bases aéreas do Rio Grande do Sul, as de Santa Maria e Canoas, com quem conversei nas últimas semanas. Ambas estão cotadas para receber os caças Gripen, os mais modernos em atuação no Brasil.