A Bahia e o Rio de Janeiro formam o front da guerra anunciada pelo Ministério da Justiça contra o crime organizado no país, mas o plano do ministro Flávio Dino vai além e inclui também o Rio Grande do Sul. Foi assinado nesta segunda-feira (9), em Porto Alegre, o acordo de cooperação técnica que estabelece a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Estado do Rio Grande do Sul (Ficco). Coordenada pela Polícia Federal, a união de esforços será composta pela PF, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Receita Federal e as forças estaduais de segurança, como a Polícia Civil, a BM e a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). O lançamento contou com a presença do Diretor-Geral da PF (o delegado gaúcho Andrei Passos Rodrigues), e do Secretário Estadual da Segurança Pública, Sandro Caron.
A Ficco deve ser um braço do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas, o Enfoc, lançado há exatamente uma semana pelo ministro Dino. Por meio dele o governo federal promete injetar R$ 900 milhões em projetos de segurança pública ao longo de três anos.
Um dos principais eixos do Enfoc - e que vale também para a Ficco - é a integração institucional e informacional das forças de segurança. Hoje as polícias brasileiras ainda atuam de forma fragmentada, com pouco compartilhamento de informações estratégicas. A ideia é que as corporações ajam de forma mais unida, por meio de um Centro Nacional de Enfrentamento das Organizações Criminosas, que funcionará em Brasília. Lógico que isso será espelhado nos Estados, Rio Grande do Sul entre eles. Pode ir desde a troca de imagens de câmeras de segurança até as fichas de criminosos. Por incrível que pareça, os bancos de dados federais e estaduais não são unificados, sequer os dos Estados entre si (da maioria, pelo menos).
A Ficco deve funcionar como uma versão ampliada do Gabinete de Gestão Integrada, que costuma reunir as forças estaduais de segurança e também de alguns municípios, de forma periódica, sob coordenação da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Só que agora a coordenação será da PF, pontua o superintendente regional da PF, delegado Aldronei Rodrigues.
- Com apoio tecnológico e de inteligência, a corporação (PF) somará esforços com a Brigada Militar, Polícia Civil, Receita Federal, PRF e com o sistema penitenciário para trazer maior segurança para o Rio Grande do Sul.
O diretor da PF, Andrei Rodrigues, acrescenta:
- Vamos entregar resultados concretos para todos. O RS deu um passo importante, com instituições comprometidas e que trazem mais efetividade ao trabalho.
O secretário Caron define a nova experiência:
- As forças de segurança do Estado já vinham trabalhando de forma integrada com os órgãos federais como a PF e a PRF. Agora, após assinatura deste acordo, passaremos ao máximo patamar de integração, que envolve desde o compartilhamento de dados de inteligência e realização conjunta de investigações, inclusive, com as forças federais e estaduais atuando no mesmo local.