As fronteiras do sul do Brasil têm vivenciado um cerco ao crime organizado. Militares e policiais de três países realizam desde o dia 1º ações contra o tráfico de drogas, de armas, de pessoas, contrabando, descaminho e crimes ambientais, na tentativa de coibir delitos que se refletem em violência nas cidades fronteiriça. Uma boa resposta para as pessoas que acreditam que as Forças Armadas não atuam no combate ao banditismo.
É a Operação Ágata Conjunta Sul, que reúne 4 mil servidores públicos, entre integrantes das Forças Armadas do Uruguai, Paraguai e Brasil, policiais, fiscais e agentes penais dos três países.
Até a quarta-feira (5), foram apreendidos 62,5 mil maços de cigarro, 1,2 tonelada de drogas, duas armas, seis veículos e uma embarcação. Também foram realizadas 17 inspeções navais e uma interceptação aérea — o avião acabou incendiado. A fiscalização revistou ainda 4.639 veículos nos postos de bloqueio e controle montados em ruas e estradas dos três Estados do Sul. O prejuízo para os criminosos, com as apreensões realizadas até o momento, é estimado em mais de R$ 2,5 milhões.
A Ágata Conjunta é uma versão mais abrangente da Ágata, que ocorre anualmente na Região Sul e envolve apenas brasileiros. Este ano a operação conta com militares paraguaios e uruguaios também — os argentinos não participam porque a legislação deles diz que fiscalização de fronteira é tarefa policial.
Na quarta, exércitos do Brasil e do Uruguai se encontraram em Aceguá, no Rio Grande do Sul, para tratar da Operação Ágata Conjunta Sul, que ocorre nos dois países.
— É uma oportunidade de intercâmbio e também de ação real. De parte da Marinha, temos embarcações patrulhando rios e também os mares, porque acontece muita pirataria na região — destaca o chefe do Estado-Maior da Operação Ágata Conjunta Sul, o contra-almirante Cláudio Eduardo Silva Dias.
Em Aceguá, na fronteira gaúcho-uruguaia, por exemplo, foi montado na praça central um posto de bloqueio e controle de estrada e um posto avançado de comando. No local, as ações foram coordenadas em conjunto pelo comandante da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Brasil, general Marco Aurélio Baldassarri, e pelo general Carlos Rombys, comandante da Divisão IV do Exército do Uruguai, responsável pela faixa de fronteira na região. Em Foz do Iguaçu ocorreu ação semelhante, unindo brasileiros e paraguaios.
Um dos pontos altos da Ágata Conjunta Sul foi a neutralização de uma aeronave que fugiu das autoridades. Na terça-feira (4), um avião de pequeno porte — o monomotor Piper PA-28 — entrou no espaço aéreo brasileiro sem autorização e plano de voo, no Paraná. Aeronaves de defesa aérea A-29 Super Tucano e o avião radar E-99, da FAB, perseguiram o intruso. Após perseguição, o piloto da aeronave suspeita pousou em uma pista na cidade de Tuneiras do Oeste, no Paraná. Ele desceu e incendiou o próprio avião, fugindo antes da chegada de policiais. Apesar de não ter resultado em captura, está dado o recado às máfias fronteiriças.