Quando se fala em facção criminosa sempre se pensa em bandidos armados com fuzis e metralhadoras, em favelas, disputando espaço entre prédios carcomidos e bocas de fumo urbanas. Está correto, mas a bandidagem das cidades resolveu agora investir no meio rural. É de certa forma surpreendente, mas alguns dos roubos de gado e ataques a fazendas registrados nos últimos anos no Rio Grande do Sul foram planejados de dentro de presídios.
Os repórteres Cid Martins e Pedro Alt mostram, em reportagem a ser divulgada hoje, como a facção Os Tauras – dominante na Zona Sul do Estado, notadamente na região de Pelotas – tem atuado em abigeato, assaltos a fazendas e roubo de defensivos agrícolas. Sempre de forma violenta, que a natureza do banditismo não muda, na cidade ou no campo.
Na manhã desta quinta-feira (26) a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, desencadeou operação para prender 16 envolvidos nesses ataques. Alguns deles estão condenados pelo assassinato da policial civil Cristina Gonçalves Lucas, morta durante o roubo de sua caminhonete, em 2019. O veículo seria usado em assaltos a fazendas.
Apesar de ratos da cidade grande, os criminosos realizavam ataques em municípios pequenos e rurais, como Piratini, Santa Vitória do Palmar, Herval, Arroio Grande, Santana da Boa Vista e Pinheiro Machado. Sempre a partir de Pelotas, base da organização.
Outra novidade é que a facção que praticava os assaltos decidiu investir numa empresa de vigilância. Oferecia serviço de monitoramento a fazendeiros e quem não aceitava, era assaltado. Até por isso, a Polícia Civil vai enquadrar os integrantes da empresa por “formação de milícia”.
É a modernização, chegando também ao crime rural. Infelizmente.