O governo federal — leia-se, eu e você — está pagando para sustentar o vício alheio. Traficantes de Canoas confeccionaram um boleto para clientes por meio do qual o comprador de cocaína, maconha ou crack pode saldar o débito com uso do auxílio emergencial. É o que identificou a Polícia Civil, conforme relata o colega Cid Martins.
É uma das piores distorções já identificadas em relação ao uso do benefício governamental. E olha que o auxílio emergencial é pródigo em distorções, como GZH mostrou desde o início do ano. Criada para ajudar pessoas carentes ou que ficaram desempregadas durante a pandemia, a ajuda (em média R$ 600 mensais) acabou utilizada por empresários, funcionários públicos, profissionais liberais e gente sem nenhuma dificuldade financeira, como mostrou o Grupo de Investigação da RBS (GDI). Inclusive políticos fizeram uso do auxílio.
Pois agora surge mais essa inovação do mal. Os traficantes confeccionavam boletos com códigos de barra para o usuário pagar o “galo” (dose de cocaína). Só que o dinheiro tinha origem no auxílio.
“É dos 600 do governo. Agora não tá rolando, acho. Não tá dando para transferir. Só dia 13”, confirmam mensagens trocadas pelos criminosos.
O delegado Mário Souza, coordenador da Polícia Civil na região que abrange Canoas, lembra que o usuário de drogas, que já está numa situação crítica, acaba comprometendo aquilo que conseguiu do governo justamente por estar na miséria.
— É o cúmulo da distorção de um programa com intenção nobre. Ainda bem que conseguimos comprovar e prender os autores dessa barbaridade — comenta.