Faltava o ar do campo na extensa gama de delitos cometidos pelas facções da Grande Porto Alegre. Não falta mais. Operação realizada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (29) mostrou que Os Manos, rede de criminosos oriunda do Vale do Sinos e hoje enraizada em todo o Interior, ataca também no meio rural. De dentro da cadeia, ordenaram assaltos de fazenda em Dom Pedrito e roubo de gado em outras cidades da região da Campanha, como Bagé e Pinheiro Machado.
Na região da Fronteira, as facções já vêm tomando bocas de fumo e controlando ingresso de armas e drogas do Exterior. Mas gado soa como novidade.
O que continua a espantar este colunista é como os crimes são orientados de dentro da cadeia, por celular, inclusive em áreas com escassez de sinal e antenas, como é o caso do pampa gaúcho. Pode isso? Pode. Não me espantarei se a telefonia 5G chegar melhor aos presídios do que aos cidadãos que pagarão pelo serviço.
O juiz Sidiney Brzuska, que por anos atuou com os maiores e mais superlotados presídios do Rio Grande do Sul, não se espantou. Ele sabe que dentro das celas há mais tecnologia que na parte administrativa das cadeias.
Brzuska, em seus sonhos, acredita que, assim como ocorreu na saúde e educação, as prisões precisam de um choque de modernidade. Vários. A começar pela volta do controle das celas por parte do Estado. Hoje a integridade dos presos é garantida pelas facções. Não deveria, mas é assim. Isso explica que até em meio a bois e vacas os criminosos estejam pagando favores aos chefões da Grande Porto Alegre.