O número de policiais militares e civis mortos em serviço, em 2019, é o maior dos últimos cinco anos. Foram assassinados por criminosos cinco PMs e um inspetor da Polícia Civil, neste ano.
É a inversão de um fenômeno que ocorria antes, quando a maioria dos policiais assassinados morria durante a folga ou fazendo "bico" (serviço-extra, fora do horário de expediente oficial). Das sete mortes registradas em 2019, seis foram em ações de patrulhamento ou operações. Para efeito de comparação: das 11 mortes registradas em 2015, três foram em horário de serviço, as demais foram nas folgas - via de regra, em reação a assaltos ou mesmo assassinados porque os bandidos descobriram que os alvos eram policiais.
As mortes em serviços aconteceram de formas variadas. A maioria, em patrulhamento. Dois casos de abordagem a criminosos resultaram na morte de três PMs em Porto Alegre: bandidos reagiram à bala quando se preparavam para serem revistados pelos policiais.
Um policial civil morreu em Montenegro durante operação, quando tentava cumprir um mandado de busca. Pelos antecedentes do suspeito, uma reação armada parecia pouco provável, mas ela aconteceu e o agente foi morto com um tiro que perfurou a porta. O criminoso foi morto pelos colegas do agente.
Houve também o caso recente da PM Marciele Renata dos Santos Alves, 28 anos, morta quando bandidos em fuga numa picape a atropelaram com o veículo, numa barreira no município de Sério (Vale do Taquari).
Análises internas nas polícias Civil e Militar vão avaliar se os procedimentos de abordagem que resultaram nessas mortes foram os mais adequados. Se existia inferioridade numérica dos policiais em relação aos criminosos, se havia possibilidade de pedir reforço antes de tentar parar os delinquentes, se havia tempo para isso. Mas nenhuma dessas ponderações retira o caráter heroico de todas essas mortes.
Veteranos integrantes das duas corporações, ouvidos pelo colunista, acreditam que os homicídios dos policiais têm ocorrido por motivo simples: os criminosos estão mais ousados e reagem ante a mínima possibilidade de serem presos. Tanto que em dois casos eles jogaram os carros contra as barreiras policiais. Em outros, dispararam antes dos agentes. Uma falta de respeito quase suicida, mas que resulta em assassinato dos que defendem a lei.