O Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil, marcou um gol de placa na descoberta da fábrica clandestina de armas que funcionava em Alvorada. Fábrica, sim: engana-se quem pensa que o armeiro só consertava ou guardava armas ali. Ele também fabricava monstros, a partir de peças ajuntadas de diversas armas em desuso. Foi o que fez com uma velha submetralhadora calibre 9 mm. Ela foi transformada numa submetralhadora .30 pelo habilidoso "artista do mal" - apelido dado pelos policiais do Denarc ao homem preso.
Qual a vantagem? O calibre .30 consegue perfurar como se fossem manteiga as chapas de aço dos carros blindados, por exemplo. Ou atirar contra um avião (ou helicóptero da polícia). Um perigo, elaborado de forma caseira.
O modelo mais comum entre as 103 armas apreendidas era de revólveres (43, quase metade do total). Para quem desdenha isso como "chinelagem", não custa lembrar que grande parte dos roubos ainda hoje é cometida com revólveres. Especialmente assaltos aos pequenos pontos comerciais, ônibus e, lógico, a pedestres. Para criminosos iniciantes, é a arma padrão. Já as pistolas, metralhadoras, fuzis e escopetas, com maior poder de fogo, são mais usadas em defesa de bocas-de-fumo e em assassinatos de rivais.
Algumas armas apreendidas são verdadeiras relíquias, como um fuzil e uma pistola Mauser, ambos padrão no exército alemão nas duas guerras mundiais. Antigos, mas matam. O armeiro alegou que apenas consertava os arsenais, mas não tinha qualquer licença e várias armas são provenientes de roubo ou furto.
Grande parte dos revólveres e pistolas encontrados na fabriqueta clandestina é de procedência argentina, marcas como Dobermann e Bersa. Isso prova que a fronteira gaúcha continua porosa ao contrabando de arsenais.