Foi em questão de minutos depois de abrir para os produtores do Rio Grande do Sul afetados pela catástrofe climática que a linha operada pelo BNDES com recursos do fundo social teve a capacidade esgotada. Ou seja, a cifra disponibilizada, de R$ 412 milhões, não esquentou banco. E não foi por falta de aviso. A demanda por essa ferramenta é estimada em R$ 19,5 bilhões, considerando os financiamentos tomados com instituições financeiras e cooperativas — outras projeções apontam quantias ainda maiores. Ao longo da semana, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) apresentou uma proposta ao Ministério da Agricultura para mudança nos percentuais destinados a financiamento de capital de giro a partir do fundo social — hoje, limitada a 25%. O objetivo de ampliar para 80% é justamente para dar um alcance maior ao acesso.
— Para (financiamentos) com recursos livres, que é a maior parte, só sobra essa opção. Se não tiver mais recursos do BNDES, não tem alternativa — pondera Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul.
Uma das coordenadoras do Movimento SOS Agro, Graziele de Camargo reforça que “muitas pessoas não conseguirão mais plantar, e há produtores começando a vender máquinas”. Na sexta-feira (11), os senadores Luis Carlos Heinze e Tereza Cristina protocolaram pedido de convocação dos ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Rural para darem explicações. Em nota, o BNDES informou que aguarda o aporte de novos recursos para dar continuidade às contratações.
Confira a nota do BNDES na íntegra
O BNDES é um dos maiores apoiadores da agricultura brasileira. Já foram aprovados, neste ano até setembro, para a agropecuária gaúcha cerca de R$ 5,9 bilhões em crédito por meio de operações indiretas, via agentes financeiros.
As medidas emergenciais do Governo Federal permitiram ao BNDES movimentar, por meio de operações indiretas, cerca de R$ 15,6 bilhões em recursos para o Estado do Rio Grande do Sul, no maior programa de recuperação já visto.
Recentemente, após a primeira fase de atendimento àqueles que tiveram maior impacto com as inundações, foi autorizado estender as linhas de crédito emergenciais aos produtores rurais, cooperativas e cerealistas, tendo sido aprovados nesta sexta-feira, 11, R$ 412 milhões em 400 operações de capital de giro. O BNDES aguarda o aporte de novos recursos para dar continuidade ao plano de contratação do Programa Emergencial.