Em entrevista ao Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha, o governador do Estado, Eduardo Leite, disse não haver a sinalização da vinda do presidente Lula à 47ª Expointer. No entanto, afirmou que mantém a expectativa de que possa vir.
Confira trechos da entrevista abaixo.
Na sua avaliação, por que a Expointer tem essa perspectiva de mobilizar a retomada do Estado?
Tem a feira com toda a importância econômica, os negócios que aqui se desenvolvem, o que por si só já é muito importante. Mas tem um efeito também moral. O investimento no setor privado se dá não apenas porque as coisas estão bem ou não no presente, mas sim, pela perspectiva que se gera em relação ao futuro. Então, é muito importante, depois do momento traumático dessa calamidade, que possamos ter na Expointer esse impulso de otimismo e de confiança para o futuro do Estado.
Como foi preparar o parque, que ficou alagado, para a feira? O que deu para fazer e o que terá de ser feito depois?
Estamos colocando R$ 6 milhões para a recuperação de estruturas, desde parte elétrica, piso e drenagem no parque. Acho que está com condições bastante boas. Eventualmente, pode-se observar algum problema pontual, mas vai garantir uma boa experiência já nessa edição e vamos trabalhar a contínua melhoria das estruturas. Existem obras que, neste momento, estão trazendo transtorno, mas, em um futuro próximo, trarão a melhoria da condição de acesso, da circulação no entorno. E, claro, a Trensurb, que é fundamental no trânsito, no deslocamento, e que, neste momento, está faltando. Tomamos a decisão de, mesmo assim, fazer a feira, porque pode ser um pouquinho mais difícil, existir alguma complicação, mas pior mesmo seria não ter. Geraria um sentimento muito negativo para o Estado.
O senhor tem feito cobranças ao governo federal em relação ao apoio para produtores. Como avalia hoje o auxílio que já chegou, e o que ainda está faltando?
Sou governador do Estado, fui eleito para defender os interesses do Rio Grande do Sul, e isso significa reconhecer que sim, o governo federal fez movimentos, gestos, anunciou, e o presidente Lula emitiu medidas provisórias que endereçam ações para os produtores. De outro lado, preciso sinalizar e mostrar que os produtores gaúchos não estão satisfeitos, porque as medidas anunciadas até aqui ainda se revelam insuficientes. O que clamamos ao governo federal é observar a situação para além da calamidade das chuvas e das inundações recentes. Os produtores vêm de uma sequência de anos com estiagens que dificultaram a produtividade. E a calamidade não se expressou apenas na forma de inundação, também impactou a colheita. Medidas para atender apenas a chamada mancha de inundação ou os municípios em calamidade acabam não alcançando muitos produtores que precisam. Eles demandam também prazos maiores para poder quitar as dívidas anteriores, ajustar, renegociar, então, continuaremos brigando por isso.
Vocês têm alguma sinalização sobre a presença do presidente Lula ou do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na Expointer?
Estão convidados. Não tem uma sinalização, embora em uma conversa com o ministro Pimenta (Paulo Pimenta, ministro da Reconstrução), fiquei com a expectativa de que o presidente possa vir à Expointer. Insisto: será bem recebido, o que não significa deixar de ter reivindicações. Eu não entendo que a política possa e deva ser exercida nessa forma binária, ou elogia ou ataca, a gente agradece o que foi feito, reivindica mais. Naturalmente, a vinda do ministro ou do presidente da República será um momento para a gente poder agradecer movimentos já feitos, mas também, reivindicar a atenção que o Estado precisa, e será muito positivo se pudermos recebê-los aqui, espero que estejam conosco.
O senhor arriscaria uma projeção em relação aos negócios da Expointer?
A expectativa é positiva, mas não arrisco cravar um número. É claro que, naturalmente, a gente gosta de fazer sempre a comparação com edições anteriores, é natural que isso aconteça, mas temos de compreender que há um contexto especialíssimo, que envolve um componente que foge um pouco da nossa compreensão, da nossa possibilidade de acertar um número: o ânimo das pessoas. Acho que existem razões para estarem animadas e otimistas porque, insisto, não é sobre se está bom no momento, é sobre conseguir enxergar no horizonte uma perspectiva mais positiva. E temos razão para olhar para o futuro com bastante confiança. Se essa confiança se disseminar entre todos, podemos ter números bastante surpreendentes.