A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O mais novo alvo de drones tem apenas centímetros, mas causa prejuízos expressivos ao agronegócio gaúcho. É o besouro serrador, que ataca florestas plantadas de acácia-negra e vem sendo monitorado pelas lentes da tecnologia na Secretaria Estadual da Agricultura e na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
De acordo com a analista Juliana Marchesan, do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal (Ceflor), em Santa Maria, o uso de drone nesse estudo partiu das facilidades que a ferramenta oferece:
— Gera imagens de alta resolução espacial, que não obtemos com outros equipamentos, e nos permite mapear áreas de difícil acesso, onde não conseguimos nos locomover a pé.
A pesquisa, realizada em parceria entre as duas instituições desde o ano passado, busca avaliar tecnologias para identificação de infestações do inseto na cultura. Para isso, dois plantios de acácia-negra no Ceflor estão sendo monitorados. Neles, o drone capta imagens a partir de um sensor multiespectral — que captura informações imperceptíveis a olho nu. Depois, a equipe usa técnicas de inteligência artificial para verificar se há ou não infestação — e o grau dela.
O próximo passo será em setembro, quando inicia o ciclo do besouro e serão realizados voos de drones em plantios comerciais. A previsão de encerramento é no ano que vem. Mas o plano é que o trabalho dure mais tempo, adianta Juliana. Assim que encerrada essa pesquisa, a ideia é unir o resultado com outras tecnologias, como a de sensoriamento remoto, e estudos, como o de pigmentação de folhas.
— No final das contas, queremos recursos que identifiquem quais áreas estão sendo atacadas no menor tempo possível para encaminhar a melhor solução — resume a analista.
O besouro
O problema com o inseto é antigo, acrescenta Juliana. O besouro anela galhos e troncos até caírem. Quando isso acontece, o inseto deposita seus ovos no interior da madeira seca. Além de perder valor, a árvore, dependendo da idade, pode morrer.
A acácia-negra é a terceira maior floresta plantada em área no Rio Grande do Sul, com 54,4 mil hectares, conforme dados da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor) de 2022. Toda a área dessa espécie no Brasil se encontra em solo gaúcho.