A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Mesmo sem garantia de entrada, o governo gaúcho enviou o secretário do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, à COP do Tabaco, na Cidade do Panamá. Único representante do Piratini, foi a primeira vez que o Estado mandou um nome do Executivo ao evento.
Apesar da investida na presença, Santini ainda não havia conseguido entrar na 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco quando conversou com a coluna no início da tarde desta segunda-feira (5).
— Está sob análise — disse Santini.
Diferentemente do secretário, entidades representativas do setor tiveram a sua entrada barrada meses atrás. Promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o evento começa nesta segunda-feira e vai até sábado (10), na capital do Panamá.
A tentativa de ambas as partes, governo do Estado e setor do tabaco, se deve à importância da cadeia produtiva à economia do Rio Grande do Sul. Na avaliação de Romeu Schneider, vice-presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), que está no Panamá, "todos os lados precisam estar envolvidos".
— A produção de tabaco representa renda, não somente para as famílias que produzem, mas, também, para os municípios e estados produtores. Se olharmos alguns municípios, é expressiva a renda oriunda da produção de tabaco, que leva o desenvolvimento local — argumentou Fabricio Murini, tesoureiro da Afubra.
Caso consiga entrar, Santini promete levar "a interlocução do setor" para dentro da COP 10.
— Nossa presença aqui na COP 10 tem o objetivo de garantir que os milhares de agricultores familiares que trabalham nessa cadeia produtiva não sejam prejudicados — reforçou o secretário.
Mas, caso não ocorra, Santini prometeu reuniões paralelas com representantes da delegação brasileira para levar a mensagem aos participantes da conferência. De acordo com Schneider, da Afubra, já há reuniões marcadas, como com o embaixador do Brasil no Panamá, no dia 8.
Após o encerramento dos trabalhos da COP 10, ocorre, também no Panamá, a 3ª Reunião das Partes do Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco (MOP3).
O tabaco ocupa o topo do ranking de culturas da agricultura familiar, com 65 mil produtores envolvidos na atividade, uma produção de 300 toneladas e receita de R$ 4,6 bilhões na safra 2022/23. Na área industrial, o tabaco responde por cerca de 25 mil empregos.