Entre ingredientes conjunturais e sazonais, setembro fechou com um duplo movimento de queda nos índices de inflação do agronegócio no Estado. O custo de produção teve o quarto recuo consecutivo no ano: 4,04% em relação ao mês imediatamente anterior. E contribuiu para que o acumulado do ano fechasse com deflação de 2,46%, aponta o levantamento feito pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Mais uma vez, essa redução vem puxada, principalmente, pelos fertilizantes. De maio - quando foi registrada a última alta — para cá, o insumo vem em trajetória de queda. Em média, esse item responde por cerca de 30% do chamado Custo Operacional Total (COT) da lavoura. Na cultura da soja, por exemplo, em que o adubo responde por fatia de 31%, nos últimos quatro meses, o valor reduziu 21%. A economista Danielle Guimarães pondera, no entanto, que é preciso lembrar da base de comparação. O ano de 2021 registrou aumento de 51,39% nas despesas do produtor, o maior percentual desde 2011, início da série histórica:
— No ano passado, fechamos com inflação de mais de 50%, e o que mais tinha puxado havia sido o fertilizante.
Quando 2022 começou, a perspectiva que se tinha era a de uma reacomodação de preços do insumo, lógica interrompida pela invasão russa na Ucrânia. O conflito elevou à potência máxima a preocupação com o abastecimento, dado o peso que os dois países do Leste Europeu têm enquanto fornecedores. E o que se viu foi uma escalada das cotações. Agora, apesar da redução, os fertilizantes seguem em patamares valorizados. No acumulado de 12 meses, o índice soma avanço de 12,44%.
Os preços recebidos pelo produtor também registraram uma diminuição em relação a agosto. Nesse caso, pesaram fatores sazonais, explica Danielle, como a entrada de maior volume de leite, a perspectiva da safra de trigo, a expectativa para a soja e os Estados Unidos em colheita.
No acumulado do ano, o cenário se mantém de preços em alta: 8,49%. E em 12 meses, de 6,55%. %. No relatório, a Farsul pondera: "Apesar de ser um resultado positivo para a receita dos produtores, infelizmente os custos vêm crescendo em velocidade mais acelerada do que os preços, o que tende a estreitar as margens de lucro da atividade".