Depois de três quedas seguidas, chegando em agosto a 4,9% sobre julho, o custo de produção deve se estabilizar no campo. Pelo menos até outubro. É o que projeta a economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Danielle Guimarães, com base nos dados da pesquisa mensal da inflação do agronegócio no Estado elaborada pela entidade.
Apesar do potencial de ser uma boa notícia, essa projeção não deve impactar o bolso do produtor. Pelo menos não em peso. A Farsul entende que o estoque de fertilizantes, que representam cerca de 30% dos custos para o produtor “levantar” uma lavoura, já foi feito. Esse, inclusive, é um dos motivos para o cenário de estabilização: a diminuição de importação do insumo. Sem contar que o preço recebido pelo produtor também acompanhou os custos: caiu em 1,25% em agosto em relação a julho.
De acordo com Danielle, outros dois motivos que influenciam essa projeção estão na taxa de câmbio, que segue estável, e no preço dos combustíveis.
— O preço do diesel está caindo em função da queda do preço internacional do petróleo. E o do petróleo caiu por causa de um cenário econômico de retração global pós-pandemia — esclarece, acrescentando que o petróleo é uma das primeiras commodities que sente esse tipo de retração.
Ainda assim, vale lembrar que os custos estabilizaram, mas em patamares elevados. Entre as razões, a economista elenca dois: a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
— A pandemia gerou uma instabilidade econômica global e fez com que o dinheiro fosse para locais considerados mais seguros, como os Estados Unidos. Isso aumentou a taxa de câmbio, o que influenciou diretamente o agro porque o Brasil importa grande parte dos seus insumos — explica.
Além disso, a pandemia também afetou a disponibilidade desses insumos, já que muitas indústrias fecharam, continua Danielle. Oferta que se manteve instável por causa do conflito no Leste Europeu, já que a Rússia é um grande fornecedor de fertilizantes para o Brasil.
*Colaborou Carolina Pastl