Depois de uma entressafra com oferta mais reduzida do que o habitual, a produção de leite no Estado caminha na direção do pico, movimento que tende a estabilizar os preços no mercado. O ponto em aberto é em relação ao efeito do Auxílio Brasil sobre o consumo, mas no geral, a tendência é essa.
Dentro do calendário do Rio Grande do Sul, o leite tem em setembro e outubro o ponto alto de produção. Seguindo a lógica produtiva, o ano teve algumas diferenças no chamado período de entressafra, quando tradicionalmente o volume cai.
Em 2022 o recuo na oferta foi maior, resultado de uma combinação de fatores, como a estiagem de verão, que trouxe impacto sobre a lavoura de milho silagem, usado na alimentação das vacas. O excesso de calor, pontua Jaime Ries, assistente técnico regional em bovinocultura de leite da Emater, também causou impacto.
— Já se saiu de uma base menor no verão por causa da estiagem e pelo excesso de calor associados ao custo de produção elevado. Evidentemente, fez com que aqueles produtores de menor volume também deixassem a atividade — explica Ries.
Diretor-executivo do Sindilat-RS, Darlan Palharini acrescenta que o cenário de despesas em elevação levou muitos produtores a se desfazerem de matrizes.
— Abril é o mês crítico de produção nacional (de leite).Mas o mês de maio atrasou um pouco a retomada, até fruto da estiagem que comprometeu muito a silagem — completa.
Um estudo feito pela consultoria Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA) com 350 produtores, das principais bacias leiteiras do Estado, apontou redução de 19% na produtividade das vacas, de 17 para 13 litros diários. A comparação é do segundo trimestre do ano passado com o de 2022. Também houve recuo na média da comercialização mensal do produto, de 32%. Gerente técnico da SIA, Armindo Barth Neto reforça que a elevação de custos afetou a competitividade dos produtores.
— Esse é um período crítico de produção de leite, a entressafra, que pega o vazio forrageiro. Somado aos problemas hídricos, teve redução na disponibilidade de pastagem e na quantidade de silagem. Então, os produtores acabam diminuindo a quantidade de vacas em produção e isso resulta em menor volume — acrescenta o gerente técnico.