
Os sinais positivos vindos do mercado aquecem a expectativa de que a safra de trigo do Rio Grande do Sul ganhe espaço ampliado. Não há dúvidas entre especialistas e entidades do setor de que a cultura terá uma área maior do que a do ano passado.
A começar pelas cotações do cereal, que têm sido puxadas pelos efeitos globais do conflito Rússia-Ucrânia, maior e quarto maior exportador mundial do produto. Outro fator importante vem da necessidade do produtor gaúcho em tentar recuperar parte do prejuízo da safra de verão.
— Pela vontade do produtor, é boa a expectativa de crescimento. O “senão” fica por conta do preço dos insumos e dos recursos para isso — observa Alencar Rugeri, diretor-técnico da Emater.
A força no sentido oposto ao da expansão (e que não deve impedi-la, mas que pode limitá-la) vem do crédito necessário para que se faça uma lavoura.
O Plano Safra em vigor está suspenso desde fevereiro em razão do nível de comprometimento de recursos. O mecanismo para destravar o acesso aos financiamentos já existe. É o aporte de R$ 868 milhões, via projeto de lei aprovado no Congresso. Pelos acordos costurados com o Planalto, a sanção é uma questão apenas de rito.
— O programa Duas Safras, o vento favorável nos preços, isso é um ambiente muito positivo. O crédito é o que está amarrando. O juro equalizado é a margem do rio, a nossa referência — reforça Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS).
Ele estima que o crescimento de área seja de 15% sobre o ano passado, quando chegou a 1,18 milhão de hectares, conforme dados da Emater.
Percepção semelhante à de Tiago de Pauli, gerente comercial da regional sul da Biotrigo Genética. O termômetro vem da demanda por cultivares, “com muita venda para o agricultor acontecendo agora”.
— Tem bastante reserva de sementes. Vai efetivando aos poucos — acrescenta.
Quem vem fechando negócio são produtores que aportam recursos próprios ou que têm buscado financiamento a juro livre. No geral, aguarda-se pelo crédito do Plano Safra.
Na geografia da expansão, a aposta é de que venha em regiões tradicionais, com avanço maior em locais que tinham “desembarcado” do cultivo e que devem retomá-lo.