A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A perda de 40 colmeias em São Gabriel, na Fronteira Oeste, em propriedade vizinha à área de soja, no sábado, motivou o produtor Juliano Fussiger a buscar respostas. Apicultor há 17 anos, é a primeira vez que ele encaminhou amostras das abelhas mortas para exame.
— Nunca havia solicitado análise, mas depois das perdas do ano passado, fiz registro e levei na inspetoria veterinária da Secretaria da Agricultura — explica Fussiger, referindo-se à morte de 400 milhões de abelhas entre o final de 2018 e o começo do ano passado no Rio Grande do Sul.
O prejuízo ultrapassa R$ 400 por caixa, considerando-se a perda de cera – o equivalente a 45 quilos por caixa ao ano – e enxame, além de alimentação e manutenção, segundo o produtor, que aguarda para sexta-feira coleta e averiguação da patrulha ambiental. No total, o apicultor mantém 500 colmeias em 12 propriedades, incluindo ainda os municípios de Santana da Boa Vista, no Sul, Caçapava do Sul, na Campanha, e Cacequi, na Região Central.
Aldo Machado, coordenador da Câmara Técnica da Apicultura da Secretaria da Agricultura do Estado e vice-presidente da Federação Apícola do RS, diz que a mortandade está começando novamente e informa problemas em Santana do Livramento, Ijuí, Alegrete e Santa Margarida do Sul.
— O Estado tem perdas, mas os relatos são pontuais. Não devemos repetir a situação do ano passado porque os agricultores estão mais cuidadosos nas aplicações, mas ainda há produtores fazendo uso incorreto do produto — afirma o dirigente, referindo-se especialmente ao inseticida fipronil, que no ano passado teve sua presença comprovada em 36% das 38 amostras analisadas no RS pelo laboratório do Ministério da Agricultura.