A imagem de um grupo de ovelhas usando fraldas virou notícia nacional ao longo da semana. De jornais tradicionais a programas de entretenimento, como o Encontro Com Fátima Bernardes, todos queriam saber a explicação.
É claro que o público geral se interessou no assunto pelo registro inusitado feito pela equipe da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Mas foi o fato curioso que deu ao grupo de estudiosos a chance de falar um pouco do trabalho desenvolvido na Estação Experimental de Lages, na serra catarinense. Assim como eles, muitos outros pesquisadores buscam soluções para melhorar o desempenho do agronegócio brasileiro, que é referência internacional.
No caso catarinense, a proposta é ver qual a altura ideal do pasto para a melhor conversão alimentar dos animais. O uso da fralda serve para “preservar” o pasto ingerido.
— Se o animal urinar e defecar, vamos perder esse peso — explica Cassiano Eduardo Pinto, doutor em produção animal pela UFRGS, um dos responsáveis pela pesquisa.
Testes semelhantes foram conduzidos em outras pesquisas com ovinos e bovinos. Mas, atentos à realidade local, os técnicos criaram o novo estudo.
— A gente percebeu que faltava informação para um tipo de pasto muito usado em Santa Catarina, que é a chamada missioneira gigante — conta Cassiano.
O curioso caso das ovelhas de fralda colocou o trabalho catarinense no mapa nacional. Mostra a importância do trabalho de pesquisa estar conectado com a realidade local de produção e a relevância de levar à sociedade todo o esforço feito em nome de uma produção mais sustentável do ponto de vista econômico, ambiental e social.
O campo precisa comunicar as suas conquistas. Ou melhor, precisa levar informação ao consumidor de que tem gente pensando em como fazer o produto melhorar. Tamanho alvoroço com os ovelhas de fralda também chama a atenção que não há melhoria sem pesquisa. E que a aperfeiçoamento precisa de incentivo, público e privado.