O ano ainda não terminou, mas os recursos de crédito rural para médios e pequenos produtores a juro controlado, sim. A situação tem sido relatada por produtores e é monitorada por entidades do setor. O tema teria sido pauta de reunião, ontem, entre o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, e integrantes do Banco Central (BC).
Com 60% dos financiamentos agrícolas, o Banco do Brasil confirma que o orçamento previsto para o segundo semestre no Estado foi atingido em novembro — foram R$ 5,6 bilhões na superintendência de varejo. Na prática, isso significa que o dinheiro para linhas voltadas a médios e grandes agricultores já terminou. A situação é motivo de apreensão, sobretudo para o próximo ano.
— A preocupação maior será a partir de março do ano que vem, quando o produtor buscar linhas para comercialização — pontua Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema da Federação da Agricultura do RS (Farsul).
A explicação para a situação atual é resultado de conjunto de fatores. A começar pela alteração da exigibilidade do percentual dos depósitos compulsórios, que foi reduzida pelo BC de 34% para 30%. É dos depósitos de poupança e à vista que são captados recursos para os financiamentos rurais. Outra questão é a prorrogação de parcelas de financiamento já tomado por produtores — o que é permitido pelo manual de crédito, mas adia o retorno da quantia emprestada.
Anderson Quevedo do Nascimento, gerente do mercado agronegócio do BB no Estado garante que, apesar de o orçamento já ter sido atingido, o produtor não está desassistido:
— Não estamos deixando de atendê-los. Existem as linhas de juro não controlado, que são tão boas como as de taxa controlada.
O executivo acrescenta que o aumento da demanda por crédito — entre 20% e 30% — é outro fator que pesou para a falta de recursos — que não atinge o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, ainda com recursos disponíveis.