A indefinição sobre a tabela de frete faz crescer a aposta em frotas próprias entre cerealistas do Rio Grande do Sul. Nova reunião mediada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux na quinta-feira (28) terminou sem acordo, jogando um banho de água fria na expectativa de finalmente se chegar a uma solução.
Mais do que isso, Fux afirmou que só deve avaliar as ações diretas de inconstitucionalidade após audiência pública a ser realizada em 27 de agosto.
Os caminhoneiros levaram proposta de 20% de desconto sobre os valores estipulados, mas a indústria e o agronegócio rechaçam a ideia de determinar valores mínimos. Rudy Fernandes, chefe da assessoria jurídica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), pediu urgência para que Fux delibere sobre o assunto até esta sexta-feira (29), antes do início do recesso do Judiciário. A entidade estima em 12,1% o aumento no preço da cesta básica em decorrência dos valores mínimos do frete.
Há 53 ações que questionam os valores estabelecidos. Mas enquanto o STF não avaliar a constitucionalidade, os processos seguem suspensos.
Esse cenário, que tem atrapalhado o escoamento de grãos, acaba fazendo com que muitas companhias revejam suas estratégias.
– Isso está levando ao aumento da frota própria – garante Vicente Barbiero, presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado (Acergs).
Dono da Vaccaro Agronegócios, Carlos Vaccaro, confirma a tese. Ele planeja duplicar a frota passando a ter 80% de transporte e apenas 20% de terceirizado no escoamento dos grãos. Hoje, a proporção é de 60% de terceirizado e 40% próprio.
– Já procuramos financiamento. Hoje, a lucratividade virá mais do transporte do que do comércio de cereais – avalia.
A Cepal Cereais trabalha com as duas atividades. Roges Pagnussat, proprietário da empresa, diz que o momento atual “só faz pensar em aumentar a frota”:
– Tivemos uma parada tão grande no escoamento do nosso próprio produto, mas viemos sentindo o problema do transporte como um todo.