Alternativa para o pecuarista, com melhor remuneração em relação ao mercado interno, a venda de gado em pé tornou-se alvo de contestações. Primeiro, por parte dos frigoríficos, sob o argumento de que o negócio poderia ampliar a falta de animais para o abate. No Rio Grande do Sul, em mais de uma ocasião, chegou-se a solicitar algum tipo de barreira.
Mas a contrariedade vinda de outro segmento tem se mostrado ainda mais vigorosa e barulhenta. Em nome da defesa do bem-estar animal, organizações não governamentais recorreram à Justiça e conseguiram suspender, ainda que temporariamente, o despacho de carga de 25 mil animais, carregados em navio atracado no porto de Santos, em São Paulo.
O episódio foi em fevereiro e ganhou repercussão nacional _ a liminar estendia os efeitos da suspensão para todo o país.
Na última terça-feira, o assunto voltou à tona com a aprovação, na Câmara de Vereadores de Santos, do projeto de lei que impede a movimentação de animais vivos na cidade paulista. Na prática, pode inviabilizar o carregamento das embarcações com bovinos vivos.
Uma das razões apontadas pelo autor da proposta, Benedito Furtado (PSB), é a questão do bem-estar animal. Outra, a de que, ao circularem pela cidade, os caminhões carregados de bovinos acabam espalhando sujeira e mau cheiro.
Tem razão o vereador em defender que os animais sejam bem tratados. Mas essa é, hoje, uma exigência do mercado, seja para o gado abatido dentro ou fora de casa.
O consumidor está prestando cada vez mais atenção à forma como é produzido o alimento que ele coloca à mesa. Mais do que isso, o produtor acaba tendo perdas econômicas se chegar ao frigorífico com exemplares que apresentem lesões decorrentes de manejo inadequado. O mesmo vale para o animal que é exportado vivo.
Portanto, é do interesse do criador respeitar essas regras. E ele não precisa ter seu direito de mercado cerceado para que isso aconteça.