A participação nos leilões de arroz tem ficado, até o momento, aquém da oferta. Com três rodadas realizadas (e uma quarta marcada para a próxima semana), o percentual negociado soma 57,31% do colocado à disposição – 540 mil toneladas. Para especialistas e representantes do setor, a tendência é de que o interesse cresça com o avanço da colheita.
No último levantamento liberado, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apontou que apenas 15% da área total havia sido colhida – ante 21% no ano passado.
Isso explica, em parte, por que apesar de quererem negociar o produto, muitos arrozeiros não participam dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). A modalidade Prêmio Para Escoamento de Produto (PEP), utilizada pela indústria, teve procura maior – na última rodada, 100% das 38 mil toneladas ofertadas foram negociadas.
– Achávamos que nesta altura já teríamos área maior colhida – diz Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
O ritmo de secagem do grão não acompanha o da colheita. A falta de sincronia inviabiliza a participação. Não basta ter arroz. É preciso ter arroz seco para entregar.
Diretor comercial do Irga, Tiago Barata acrescenta que o prazo para confirmação da operação é limitado, o que também impacta:
– A tendência é aumentar o interesse pelo mecanismo à medida que a colheita avança e o produtor se familiariza com a operação.
Dos R$ 100 milhões previstos para as operações, já foram desembolsados mais de R$ 22 milhões. O objetivo dos mecanismos é garantir o preço mínimo – R$ 36,01. Mesmo assim, o produtor opera no prejuízo, já que o custo da saca é de R$ 45. As projeções são de melhora nas cotações do cereal em 2018.
– É um ano de enxugamento de estoques e de recuperação natural dos preços. Isso, lógico, passada a pressão da entrada da safra. Mas a grande maioria dos produtores não terá fôlego para segurar a venda – avalia Barata.