Principal produto agrícola do Estado, a soja começa a ser plantada nesta semana no Rio Grande do Sul. Pelo zoneamento agrícola de risco climático do Ministério da Agricultura, as primeiras sementes serão lançadas a partir do próximo domingo. Mas já há regiões em que produtores deram a largada ao cultivo do grão.
Depois de cinco safras cheias, o novo ciclo se inicia com um cenário de estabilidade de preços. Por enquanto, os agricultores seguem com a preparação do solo. Segundo o assistente técnico estadual da Emater Alencar Rugeri, muitos estão antecipando o plantio com o objetivo de escapar da falta de chuva e da ferrugem asiática no final do ciclo. Mas o ritmo das plantadeiras começará a se intensificar entre 25 deste mês e do próximo.
– O produtor ainda tem um ânimo porque vem de safras boas. Porém, já começa a sentir preocupação pelo preço estar abaixo daquilo que esperava neste momento. Até porque, vem de uma safra ruim de trigo – avalia Rugeri.
Os valores atuais da soja no Estado – R$ 60,57, pelo preço médio da Emater – são suficientes para pagar apenas as despesas do grão, aponta Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS).
– Há muitas reservas em relação à rentabilidade. Porque o custo é elevado e tem dívidas passadas (da atividade) – completa o dirigente, lembrando que houve duas safras ruins de trigo pelo excesso de chuva (em 2014 e em 2015).
E se a safra americana ditou os preços da soja em setembro e ainda ditará em outubro, as atenções começarão a se voltar para a safra sul-americana, em especial a brasileira. O Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) vem apontando colheita de 107 milhões de toneladas para 2018.
– Há uma boa oferta e uma boa expectativa de produto para entrar. O mercado segue demandando, mas não há estresse do ponto de vista do comprador. A expectativa é de que tenhamos a manutenção de preços entre US$ 9,40 e US$ 10 o bushel (medida equivalente a 27,21 quilos) – projeta Índio Brasil dos Santos, sócio da Solo Corretora.
A concretização desse cenário, no entanto, depende de duas variáveis: clima e câmbio. Com a retomada do crescimento econômico, a tendência é de valorização do real frente ao dólar. Santos faz uma ressalva: 2018 é ano de eleição e o fator político poderá mexer com as cotações. Assim como se algum novo escândalo estourar até lá.
Na lavoura, o produtor rural fará a sua parte, torcendo para que todo o resto saia da melhor maneira possível.