Quando se trata de números, o senso comum é de que apenas o crescimento interessa. Uma olhada rápida pelo primeiro levantamento da Emater para a próxima safra de verão do Rio Grande do Sul pode trazer um certo desânimo, já que há um recuo de 10% projetado para a colheita de 2018. Consequentemente, o faturamento também será reduzido.
Mas ao fazer uma análise mais profunda, é possível reconhecer pontos positivos – e outros nem tanto – nos dados apresentados na Expointer.
Primeiro, é preciso lembrar que o volume do ciclo passado foi recorde, com a soja tendo produção histórica de 18,57 milhões de toneladas, embalando de forma positiva a marca dos grãos como um todo.
Ou seja, a base de comparação é alta. Mesmo que os preços das commodities estivessem elevados, ficaria difícil superar este patamar.
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E o que acontece neste momento é um cenário de preços defasados – em relação ao ano passado –, que desestimula agricultores de todas as culturas, mas em especial do arroz e do milho.
Os arrozeiros vivem uma situação particularmente complicada. Na safra de 2017, o preço pago pela saca não foi suficiente sequer para cobrir o custo de produção. Há ainda um excesso de oferta do produto que, somado à redução de consumo, também ajuda puxar os preços para baixo.
Para a Emater, o recuo em área plantada para o cereal é ainda pequeno, praticamente uma estabilidade (-0,33%) em relação ao ciclo atual. A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), está apostando – e recomendando – diminuição maior, de 10%.
Mas, como bem observou Francisco Schardong, presidente da Comissão de Arroz da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), em 70% das propriedades, é o arrendatário que produz e, neste caso, será mais difícil convencê-los a comprarem a ideia.
No caso do milho, a área é a que mais irá encolher (11,65%). Reflexo da desvalorização do grão em relação ao ano passado. Com custos em alta, o produtor está querendo dar o tiro certeiro, apostando na soja que, apesar de também estar com valores inferiores, tem liquidez garantida.
Vale lembrar que há cinco safras a sombra da seca não aparece com força sobre o Estado, com exceções pontuais. São Pedro tem colaborado com os gaúchos.