O excesso de chuva no Rio Grande do Sul poderá comprometer ainda mais o espaço destinado à principal cultura de inverno, o trigo. A projeção inicial da Emater é de que a redução fique em 6,49% e da Companhia Nacional de Abastecimento, em 10%. Mas o atraso na semeadura – apenas 3% da área foi plantada, quando a média para o período é de 35% – poderá levar muitos produtores a reverem seus planos. Principalmente porque esse descompasso poderá se refletir lá na frente, no plantio de soja.
– O clima será ferramenta importante na tomada de decisão. Os agricultores que tinham dúvidas estão desistindo de plantar – diz Claudio Dóro, assistente técnico regional da Emater de Passo Fundo, onde os trabalhos nem começaram.
A opinião é compartilhada por Altair Hommerding, coordenador técnico da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura, e por Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do RS (Farsul).
– Se tiver de escolher entre o trigo e a soja, ficará com a cultura de verão – avalia Hommerding.
Para Jardim, que projeta recuo de 15% na área, só plantarão trigo os agricultores com financiamento.
– Nas regiões das Missões, Planalto Médio e Celeiro, que respondem por mais da metade da produção do cereal, o período preferencial para a semeadura é até 20 de junho. E isso será difícil de acontecer – completa Jardim.
As previsões meteorológicas indicam continuidade da chuva pelo menos até a primeira quinzena do mês. Não bastasse essa perspectiva, depois que para de chover, são necessários cerca de três dias de sol para o solo secar. Só então é possível reiniciar o plantio.
– Acendeu a luz amarela, de alerta – pondera Dóro.