A estação do frio começa a se desenhar nas lavouras do Estado a partir da próxima semana, com o início do plantio de trigo. Neste ano, a área dedicada à principal cultura de inverno ficará menor, apontam os primeiros levantamentos do ciclo feitos por Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Emater. Para a Conab, o recuo será de 10%. Para a Emater, de 6,49%.
– Esse número só não é maior porque o produtor continuará com o trigo pela rotação de cultura, para favorecer o cultivo de soja depois – avalia Carlos Bestetti, superintendente da Conab no Rio Grande do Sul.
A opinião é compartilhada pelo presidente da Emater, Clair Kuhn. Ele afirma que, apesar de desestimulado, o produtor tem consciência de que precisa manter a cobertura do solo no inverno.
Nas regionais da Emater, a que terá maior redução de área será a de Passo Fundo: o espaço dedicado ao trigo será 13% menor. Na contramão do Estado, a região de Ijuí, deverá ter incremento de 1,6%.
Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), vai no mesmo tom. E acrescenta que o baixo preço da soja também faz com que o agricultor busque uma compensação com o trigo.
A área apontada pela Conab é a menor desde 2006, quando somou 693,3 mil hectares.
– É um retrocesso de 11 anos, estamos quase na bacia das almas – afirma o presidente da Fecoagro.
O desestímulo do produtor vem de uma combinação de fatores que incluem dificuldades na comercialização da última safra e queda de valores. Para completar, o governo reduziu em 3,6% o preço mínimo – que ficou em R$ 37,26.
Com área menor, encolhe também a produção. Foram 2,49 milhões de toneladas em 2016, segundo a Conab, e 2,24 milhões de toneladas, conforme a Emater. Agora, serão 1,63 milhão e 1,76 milhão de toneladas.
Para as outras culturas de inverno o cenário é diferente: aveia, cevada e canola deverão ter áreas maiores: alta de 1,32%, 16,56% e 6,25%, segundo a Emater.
Confira abaixo as estimativas para o trigo: