Sem sucesso na tentativa de modificar o texto original do governo para a reforma previdenciária no que diz respeito à contribuição do produtor, entidades ligadas ao setor prometem endurecer o discurso e ampliar as mobilizações. O destaque que previa a manutenção do modelo atual – de pagamento sobre a comercialização – não foi aprovado na comissão especial que analisa a proposta.
– Vamos trabalhar para tentar reverter isso no plenário. Perdemos uma batalha, mas enquanto tiver guerra, seguiremos lutando – afirma o deputado Heitor Schuch (PSB-RS), para quem o governo não tem os 308 votos necessários à aprovação.
Coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado (Fetraf-RS), Cleonice Back diz que a contribuição é uma das maiores preocupações:
– Nem todos terão condições de pagar. Excluirá muitos produtores e, principalmente, a mulher.
A entidade avalia quais serão as próximas ações – no final do mês passado, montou acampamentos em defesa da Previdência – e já confirmou presença no Ocupa Brasília, movimento organizado pelas centrais sindicais neste mês.
– Fomos calmos até agora, mas eles não entenderam, então, vamos ter de fortalecer as mobilizações – acrescenta Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Na próxima terça-feira, a entidade e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), definem ações das federações de todos Estados, para "unificar e potencializar as manifestações no país".
A contribuição é o principal descontentamento, mas há ainda outros pontos que desagradam. Para as mulheres, por exemplo, o texto aumenta a idade mínima para a aposentadoria de 55 anos para 57 anos. A proposta original era ainda mais dura: elevava para 65 anos a ambos os sexos.
Nesta terça-feira (9), durante a votação dos destaques, a Câmara estava sob forte esquema de segurança. Na semana passada, agentes penitenciários invadiram o local.
– O que vimos aqui é uma vergonha, a Câmara está sitiada com aparato de polícia, não entra ninguém sem que um deputado libere na portaria – conta Joel.