Navios parados no porto de Rio Grande em plena safra recorde de grãos no Estado escancaram mais uma dificuldade logística no escoamento da produção gaúcha. Sem a realização da dragagem de manutenção, as embarcações ficam à mercê de condições meteorológicas que impedem a passagem para a saída – o que também faz com que outras não possam entrar. Até ontem, pelo menos cinco graneleiros estavam trancados nos terminais, conforme a superintendência do porto.
Desde a segunda-feira, o vento começou a soprar na direção nordeste, fazendo baixar o nível do canal. Sem a dragagem de manutenção, há navios que não conseguem partir.
– Tem relação com o assoreamento do calado do canal, que está no limite. Como a safra é intensa, isso tem implicações – confirma Darci Tartari, diretor técnico da superintendência do porto.
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A dragagem, que tem custo estimado de R$ 368 milhões, estava prevista para abril do ano passado. Mas segundo Tartari, por conta da crise político-econômica brasileira, acabou não saindo do papel. Os recursos para a ação vêm do governo federal.
Com a manutenção, a profundidade ficará em 16 metros na parte interna e 18 metros na externa. Hoje, oficialmente, está em 14 metros. Mas essa altura também ficou comprometida por estar muito tempo sem a realização da dragagem.
Na prática, com os navios parados, há um efeito cascata em toda a movimentação da safra. Porque não há como mandar mais caminhões ao porto se as embarcações não podem ser carregadas.
Tartari diz que já começou a se falar na possibilidade de segurar temporariamente a chegada de caminhões. Há estimativa, no entanto, de que até sexta-feira as condições meteorológicas melhorem.
Há uma sinalização do governo federal de que o dinheiro para o procedimento chegue entre julho e agosto. Isso significa que a principal movimentação da safra recorde será feita sem que a dragagem tenha ocorrido. O risco é de que situações como a de agora se repitam, com as condições de clima determinando uma paralisia do porto e, consequentemente, do escoamento desde a origem. Um obstáculo à passagem da supersafra.