Diante da boa nova de que o Rio Grande do Sul colherá nova supersafra de verão, de 30,8 milhões de toneladas, como anunciado nesta terça-feira pela Emater, abre-se espaço para a pergunta: há lugar para armazenar todo o volume produzido? A capacidade estática do Estado, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 28 milhões de toneladas.
Cooperativas já estariam buscando estruturas extras para guardar a produção de milho e de soja do atual ciclo.
– Tem cooperativa alugando armazéns e fazendo parcerias com indústrias – confirma Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).
Uma combinação de fatores contribui para essa necessidade. Ficou um estoque de passagem maior de soja da safra passada e ainda há trigo, do ciclo de inverno, que não foi comercializado – a estimativa da Fecoagro é de que existam cerca de 500 mil toneladas. A safra de milho também está sendo recebida. E será preciso adicionar 16,8 milhões de toneladas de soja – projeção atual da Emater, que não descarta volume ainda maior, perto das 17 milhões de toneladas.
– Pontualmente, as cooperativas terão dificuldade para guardar a safra. Mas é um problema bom – acrescenta Pires, em referência ao quinto ano seguindo de crescimento da produção de soja.
Superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, Carlos Bestetti também afirma que poderemos ter estrangulamento na parte operacional no pico da safra da soja.
– Há possibilidade de congestionamento no período de concentração da colheita, de 25 de março a 15 de abril. É na parte de transporte interno, secagem e guarda do grão – explica Bestetti.
A Conab apresenta nesta quinta-feira um novo levantamento de safra e os números estarão revisados. Nos dados anteriores, o volume de soja ainda aparecia como inferior ao do ano passado – 15,38 milhões de toneladas ante 16,2 milhões de toneladas. O milho também não alcançava o mesmo patamar do ciclo 2015/2016, mas já tinha sido elevado em relação ao mês anterior.
A julgar pelo ritmo do clima e pelas atualizações feitas, o órgão do governo também deve adicionar novo recorde em seus números.