Não é apenas nos negócios que a Expodireto-Cotrijal estará carregada de expectativas neste ano. Como de costume, a feira realizada em Não-Me-Toque, no norte do Estado, se transforma em palco de importantes manifestações e anúncios. A aposta do presidente Nei César Mânica é de que dois assuntos deverão dominar os corredores do evento nos cinco dias.
O primeiro diz respeito à taxa de juros das linhas de financiamento. Há uma expectativa de que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, traga alguma novidade sobre os percentuais quando desembarcar na Expodireto-Cotrijal, o que só deve ocorrer na quinta-feira. Da tradicional abertura, na segunda-feira, não devem participar nem ele, nem o presidente da República, Michel Temer.
– Estamos aguardando anúncio da redução do juro – diz Mânica.
Mas marcante mesmo promete ser a audiência pública que colocará a reforma da Previdência em discussão no último dia do evento, 10 de março. Proposta pela senadora Ana Amélia (PP-RS), a iniciativa contará com a participação de Marcelo Caetano, titular da Secretaria de Previdência Social, representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e da Confederação Nacional dos Municípios.
– O governo apresentou o projeto. O poder agora está nas nossas mãos. A aposentadoria rural não pode ser nivelada às demais, os direitos adquiridos têm de ser preservados – observa Ana Amélia.
Para fazer pressão, a entidade está mobilizando integrantes dos sindicatos de todo o Estado.
– Queremos lotar o auditório e deixar gente do lado de fora – afirma Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
Em duas mobilizações recentes, em Santa Cruz do Sul e Santa Rosa, mais de 20 mil pessoas se reuniram para protestar contra o pacote apresentado pelo governo, que mexe nas atuais regras. Hoje, o agricultor tem a condição de segurado especial. O que se quer barrar a todo custo são alterações como a da idade para a aposentadoria, que passaria a ser de 65 anos – hoje é de 55 anos para a mulher e de 60 anos para os homens – e a contribuição, que passaria a ser individual.
– Queremos tratamento parecido com o dos militares. Se tiver de discutir a situação do agricultor, que seja em separado – reforça Joel.