Com o período de colheita se intensificando no campo a partir de agora, cresce também o movimento para escoar a safra. E o caminho para fazer o produto chegar ao seu destino final pode ser, por vezes, tortuoso. A começar pelo fato de que o Rio Grande do Sul segue apostando quase exclusivamente no modal rodoviário, que acaba sobrecarregado. Conforme Paulo Menzel, vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog) e vice-coordenador do fórum de infraestrutura da Agenda 2020, nossa matriz de transporte rodoviário saltou de 87% para 92%. Nos Estados Unidos, o percentual é de apenas 32%.
– Esse modal é o de maior custo. Se você coloca uma quantidade imensa de caminhões na estrada, elas pioram muito – diz.
E há o efeito também sobre os veículos que fazem esse transporte e acabam se desgastando. São molas, freios, carrocerias que vão se perdendo nas viagens.
– É inacreditável que o transporte ferroviário de grãos esteja parado. A gente vê trechos abandonados – afirma Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS).
O custo logístico cresce de 0,3% a 0,4% ao ano. Ultrapassamos, de acordo com Menzel, 20,03% do PIB com essa conta, quando não deveríamos ter mais do que 6,2%.
E, ao contrário do que apontou pesquisa da Confederação Nacional do Transporte, ele afirma que o RS "involuiu" em relação a 2015:
– Se em 10 anos algo radical não ocorrer, o campo perderá a competitividade.
Secretário de Transportes, Pedro Westphalen avalia que "as estradas hoje estão 80% melhores do que há dois anos".
O que não tem mesmo, por enquanto, é orçamento para obras de asfaltamento em estradas como a ERS-630, que liga São Gabriel a Dom Pedrito, e a ERS-514, de Palmeira das Missões a Ajuricaba, importantes para escoar a produção e que permanecem de chão batido. Com a escassez de recursos, o que será possível fazer, por ora, é deixá-las em condições de trafegabilidade.