Nem as projeções mais otimistas indicavam que o preço da soja batesse a casa dos R$ 90 logo após o término da colheita no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira, a cotação da saca de 60 quilos disponível chegou a R$ 88 no porto de Rio Grande – com indicativos de picos ainda maiores nas próximas semanas. E com contratos futuros sendo fechados acima dos R$ 90 no porto gaúcho, os produtores não têm pressa nenhuma em vender o grão ainda estocado.
– Hoje não temos nenhum fator que indique baixa no mercado, o que faz o produtor segurar os estoques ao apostar em preço ainda mais elevado – avalia Carlos Cogo, consultor em agronegócios.
A valorização da commodity no mercado internacional é resultado da cotação da soja na Bolsa de Chicago, que acordou após um período adormecida na casa dos US$ 8 o bushel (equivalente a 27,2 quilos). Na semana passada, a commodity atingiu US$ 10,80 por bushel na bolsa americana – uma alta de 23% em relação a janeiro deste ano. A cotação é a maior desde novembro de 2014.
– A queda dos estoques mundiais fez com que a soja tivesse uma alta considerável – explica Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor da Safras & Mercado.
A redução das safras argentina e brasileira, ambas por problemas climáticos, diminuiu as projeções de estoques mundiais do grão. Enquanto na Argentina sobrou chuva, no Brasil a estiagem prejudicou a colheita do Matopiba e de parte de Mato Grosso. Para completar, estimativas indicam uma área de cultivo de soja menor nos Estados Unidos na próxima safra, por conta do aumento da área de milho.
De janeiro até a parcial de maio, o volume exportado pelo Brasil foi 62% maior em relação ao mesmo período do ano passado – elevando também o prêmio pago nos portos. A menor oferta tende a aumentar ainda mais a procura por soja nos próximos meses do ano.
– A escassez do produto deverá resultar em uma alta ainda maior. Combinado com um provável aumento da taxa de câmbio, a soja baterá a casa dos R$ 100 – aposta Farias Toigo, analista de mercado.
Alguém duvida?