Do ponto de vista técnico, o produtor rural sabe que o plantio do milho em rotação com a soja é fundamental. Mas o bolso pesa na hora de tomar a decisão final. Ainda que nesta safra a rentabilidade do cereal seja maior – pela elevada produtividade –, a soja costuma fisgar o produtor pela combinação de liquidez e maior estabilidade de preços.
O Rio Grande do Sul irá colher, mais uma vez, safra recorde de soja. Se o clima seguir cooperando na colheita – que chega a 5% da área total no momento –, serão mais de 16 milhões de toneladas. A supremacia das lavouras do grão nos campos é evidente. Basta circular pelo Interior para encontrar um verdadeiro mar de soja. Na região de Não-Me-Toque, no norte do Estado, onde ocorre a Expodireto-Cotrijal, as plantações vão, literalmente, até a porta das casas.
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– O estímulo para o plantio do milho é o valor pago pelo produto – reconhece o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
A indústria de aves e de suínos é impactada diretamente pela oferta restrita do milho – o Rio Grande do Sul produz menos do que consome. Na tentativa de reverter a queda de área plantada verificada nos últimos quatro anos, o governo estadual deve montar um programa de incentivo ao plantio da cultura. O formato ainda não está definido, mas começa a ser debatido em reunião, amanhã, na Expodireto, pelas secretarias de Agricultura e de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR).
– Não temos receita ainda. O produtor observa custo e expectativa de preço. Isso influencia muito na área – avalia Tarcisio Minetto, titular da SDR.
O bom rendimento deste verão promete ter impacto positivo na próxima safra. Especialistas do setor projetam manutenção e, quem sabe, até leve aumento da área plantada de milho. A consolidação do cultivo passa, necessariamente, pelo fim do efeito sanfona no preço do grão.