A liberação para acesso dos produtores aos R$ 10 bilhões do pré-custeio no país vem em boa hora. No ano passado, a ausência desse recurso teve impacto direto sobre o bolso dos arrozeiros, que tiveram de bancar os gastos por conta. Isso mexeu também com o mercado, uma vez que forçou a venda do cereal para fazer caixa, ajudando a desvalorizar o produto nos primeiros meses do ano de 2015.
Do montante total para o país, a superintendência regional do Banco do Brasil estima que cerca de R$ 2 bilhões sejam utilizados apenas no Rio Grande do Sul. O pedido da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) era para que pelo menos R$ 700 milhões fossem colocados à disposição - cerca de um terço dos R$ 2,1 bilhões contratados em custeio no ano passado.
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O arroz é a cultura que mais consome o pré-custeio. Ao mesmo tempo que dá a largada na colheita do atual ciclo, o produtor começa a preparar o terreno das áreas em pousio a serem cultivadas na próxima safra. O dinheiro serve principalmente para a compra de produtos químicos e diesel.
- Considero essencial o pré-custeio para a manutenção dos preços do arroz - avalia Henrique Dornelles, presidente da Federarroz-RS.
Presidente da Comissão de Arroz da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e da Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong vai na mesma linha e afirma que os financiamentos do pré-custeio "sempre foram um equalizador das contas do produtor".
- É muito importante, mas, se for para fazer uso via cartão, tenho dúvidas da eficácia - pondera, sobre a forma de liberação do recurso.
Ele tem sido um defensor da ideia de que algumas regiões do Estado, como a Central, onde agricultores acumulam débitos de perdas em safras anteriores, recebam tratamento diferenciado.
Oficialmente, a abertura da colheita do arroz será no dia 20, mas os trabalhos já começaram em municípios da Fronteira Oeste como Itaqui, São Borja e Alegrete. Depois do excesso de chuva e das enchentes que deixaram 153,59 mil hectares da cultura debaixo d'água no Estado - com 37,27 mil perdidos -, o tempo tem coloborado com o desenvolvimento do cereal.
- O clima mais seco e ensolarado deu outro ânimo às lavouras - afirma o dirigente da Federarroz.
Nas primeiras colheitas, as produtividades têm sido medianas e a qualidade considerada boa. Os resultados mais representativos começarão aparecer a partir do dia 15. As perdas impostas pelo clima serão confirmadas com o avanço das máquinas no campo.