Voltada às demandas do produtor familiar, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS)foi às urnas para escolher a nova diretoria. Natural de Cachoeira do Sul e atual presidente, Carlos Joel da Silva, 49 anos, disputou sua primeira eleição para o cargo – na votação anterior, era vice e assumiu com a saída de Elton Weber, que conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa. A chapa única obteve mais de 80% dos votos dos 871 delegados estão aptos a votar pelo sim ou pelo não. Abaixo, confira trechos da entrevista de Joel publicada nesta quinta-feira pela coluna.
CENÁRIO ATUAL
“Vínhamos em uma crescente na agricultura familiar, e do ano passado para cá, as conquistas começaram a encolher. No Estado, estamos encolhendo programas. Reduziu de cem para 30 o número máximo de animais para obter a dose gratuita da vacina contra a aftosa. O de forrageiras teve redução nos recursos. Tem o troca-troca de sementes. Não há garantia da continuidade. Na esfera federal, crédito fundiário e habitação rural estão parados. Os governos falam da agricultura familiar, mas falta a prática. Produzimos 70% dos alimentos dos brasileiros”.
CRÉDITO FUNDIÁRIO
“As novas regras (do decreto de agosto de 2015) não saíram. E não só a questão do crédito fundiário, mas de acesso à terra como um todo. A reforma agrária parou. Queremos uma que beneficie os agricultores que produzem. Dar acesso à terra é a primeira lição para manter jovens no campo. A demanda represada é grande. Com as novas regras, mais de 10 mil produtores poderiam ter acesso”.
CADASTRO AMBIENTAL
“Discutiremos isso amanhã, mas temos posicionamento de que precisaremos pedir prorrogação para o Bioma Pampa. Não se sabe quantos dias vai levar para saber qual regra vale. Há liminar, mas o governo estadual deve pedir a cassação”.
PERDAS NA PRODUÇÃO
“Há perdas consolidadas, mas em muitos lugares não se sabe o que vai acontecer. No fumo, se fala em 16%, mas achamos que vai passar disso. No arroz, tem 33 mil hectares perdidos, mas outros 40 mil ainda estão debaixo d’água. Temos prejuízos grandes na fruticultura. A tendência é de elevação de custos. O seguro rural tem de ser discutido”.
DESAFIOS
“Acesso à terra, garantia de renda ao produtor e manutenção dos programas sociais e de habitação rural são as três grandes linhas de atuação”.