Ingrediente do prato principal e da cesta básica do brasileiro, o arroz vai entrar na lista dos produtos que ficarão mais caros neste ano. Os prejuízos trazidos pelo clima à produção, que terá volume reduzido na atual safra, e a elevação dos custos do agricultor formam uma indesejável combinação que impulsionará os preços.
– Estamos nos vendo na obrigação de majorar os preços – afirma Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS). O percentual de reajuste ao consumidor dependerá da indústria e do varejo. Na última sexta-feira, a saca de 50 quilos de arroz em casca estava em R$ 41,43. Embora considerado em um bom patamar, o valor deixa o produtor no zero a zero com os gastos, devido à alta nos custos, sem espaço para a rentabilidade. Vale lembrar que a cultura do arroz no Estado é 100% irrigada, fazendo com que a conta de luz, que ficou mais cara, tenha impacto significativo.
– Ao mesmo tempo que a colheita está menor, o custo está maior – reforça Guinter Frantz, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), sobre o atual panorama da safra.
Um valor razoável, na avaliação da Federarroz, seria em torno de R$ 45 – com o “número dos sonhos” girando entre R$ 48 e R$ 50. Se chegasse a R$ 45, produtores com produtividade elevada, acima dos 7,7 mil quilos por hectare, teriam de 10% a 15% de rentabilidade. O Estado, maior produtor nacional do grão – com 68,5% do volume total –, tem, até o momento, 34 mil hectares da cultura perdidos pelo excesso de chuva. No total, 136 mil ficaram alagados. Por ora, o Irga trabalha com perspectiva de colheita 15% menor – entre 7,4 milhões de toneladas e 7,5 milhões de toneladas.
– Essa 1,1 milhão a 1,2 milhão de toneladas que será perdida é quase uma Argentina inteira – diz Dornelles, ao referir-se ao volume do cereal produzido pelos hermanos. A 26ª Abertura Oficial da Colheita do Estado foi lançada ontem e ocorre de 18 a 20 de fevereiro, em Alegrete.