Os números da Expointer estão bons, mas o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, ainda sente o produtor rural à espera da prorrogação das dividias pelo governo federal e de um cenário mais claro sobre a cotação da soja. O executivo falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, e no Painel RBS sobre a força do agronegócio na reconstrução do Rio Grande do Sul.
O projeto de lei que foi enviado pela presidência da República ao Congresso para desnegativar produtores rurais e empresários está travado, mas, se for aprovado, libera bancos - incluindo o Banrisul - de exigir a certidão negativa de débito para emprestar o crédito da enchente?
Para quem tem negativa a partir do ocorrido de maio, resolve o problema. Então, o quanto antes aprovar, melhor. Os bancos não podem, mesmo que queiram, não exigir a certidão negativa porque a legislação obriga. No caso do produtor rural, as prorrogações vão até setembro. Se não ampliar e não houver a desnegativação, também terão problemas.
E para quem já estava com problemas antes da cheia?
Linhas de crédito tem. O problema é ter acesso. Terão que se acertar com o fisco. Há possibilidade de renegociação de forma facilitada via internet.
Ainda tem dinheiro da segunda leva do Pronampe federal para emprestar às pequenas empresas?
Ainda temos recurso. O que foi muito rápido foi o estadual, porque pegou um hiato sem recurso e porque o governo do Estado nos mandou exatamente todas as empresas que estavam enquadradas. Então, fomos atrás das pessoas. No federal, temos que esperar a empresa vir e depois consultar o Dataprev para ver se está enquadrada. Demora, mas tem recurso. Colocamos até nas metas do bancos.
Estão conseguindo emprestar o dinheiro do BNDES para capital de giro, construção e compra de máquinas?
A grande demanda foi capital de giro. Esse já esgotou. Nós emprestamos mais de R$ 500 milhões. Já estamos com os contratos prontos. Poucos ainda dependem de documentação. Se vier mais recurso, vai ter demanda. Acho também que o BNDES tinha que pensar em sair da mancha.
Ou seja, permitindo queda de faturamento como critério, sem necessariamente ter sido alagado. Isso depende de quem?
Precisa que o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorize e aí o BNDES operacionaliza. Não tem dificuldade, desde que a legislação permita. Foi importante ficar na mancha no primeiro momento, mas tem empresas da Serra, por exemplo, que não foram alagadas, mas toda a infraestrutura foi destruída, de ponte, de estrada, etc. Elas não conseguiram operar nem entregar o produto nem receber os insumos para produzir. Acho que o BNDES e o governo federal deveriam pensar um pouco em expandir. O que aconteceu no Rio Grande do Sul não é uma crise do sistema, não. Foi uma catástrofe que destruiu anos e anos de trabalho de muita gente. As empresas foram construídas ao longo do tempo, uma máquina nova, um prédio novo. Do dia para a noite, sumiu tudo. Não é uma crise de gestão, é um fato extraordinário que tem que ser tratado como extraordinário.
Ouça a entrevista na íntegra:
Além da entrevista, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, também participou do painel Campo em Debate - A Força do Agro na Reconstrução. Assista:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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