Operadora de ferrovias na Região Sul, a Rumo suspendeu as atividades em três dos seus ramais no Rio Grande do Sul, atingidos pela enchente, e não tem previsão de retomá-las. Oficialmente por nota, a empresa disse à coluna que está avaliando a situação da estrutura. Porém, já foi iniciada a negociação com funcionários para realocação em outras funções ou mesmo transferência para outros Estados.
Segundo o presidente do Sindicato dos Ferroviários do Rio Grande do Sul (Sindifergs), João Calegari, a decisão atinge 200 dos 700 trabalhadores, entre maquinistas, mecânicos e outros. Quem não aceitar uma das opções será demitido. Ainda conforme o sindicalista, a Rumo disse que não retomará a operação até que avance a negociação do contrato de concessão com o governo federal, que vencerá em 2027, prazo que vai ser difícil para a economia gaúcha esperar.
— A empresa diz que a reforma é muito grande. É ruim, porque ficamos isolados da malha ferroviária do Brasil, sem ligação de carga de outros Estados para o porto de Rio Grande. Fica funcionando só o chamado trecho do grão, que sai de Cruz Alta e vai a Rio Grande — diz Calegari.
Trechos afetados:
- Tronco Sul: sai do Pátio Industrial em Canoas até Lages (SC) e de lá para São Paulo (túneis fechados na Serra)
- Ferrovia do Trigo: de Roca Sales até Passo Fundo (estragos entre Muçum a Guaporé)
- Ramal que sai do Pátio Industrial em Canoas para Santa Maria (estragos em Rio Pardo)
Na enchente de setembro de 2023, o trecho que liga Canoas a Santa Catarina já havia sido danificado, passou por reparos e voltou a ser usado. Agora, novamente, há túneis obstruídos e trens parados em ferrovias bloqueadas.
O presidente do sindicato lembra que a empresa chegou a pagar hotel para funcionários que perderam suas casas na enchente.
Nota da Rumo na íntegra:
A empresa está mobilizada no levantamento e avaliação de todos os danos causados pelas chuvas que impactaram o estado. Dada a complexidade e abrangência da situação, ainda não é possível estimar prazos sobre os procedimentos necessários. Nesse sentido, estão sendo oferecidas oportunidades de realocação para outras funções e/ou localidades a todos os colaboradores cujas atividades estão interrompidas desde o final de abril, em condições atrativas para preservar a empregabilidade, em condições específicas negociadas com o sindicato. A concessionária segue em diálogo com o Governo Federal (poder concedente) e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário.
Colaborou Guilherme Gonçalves
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Coluna Giane Guerra (gianeguerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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