Duas empresas do ramo de equipamentos do Vale do Sinos conseguiram na Justiça de Novo Hamburgo decisões que suspendem por 60 dias a cobrança de dívidas. São as chamadas medidas cautelares, que estão sendo usadas com mais intensidade desde o início do ano passado. O que chamou a atenção nos casos destas duas indústrias — Wolkan e Cooling Freezing — é a intenção de resolver a situação financeira por recuperação extrajudicial e não pela judicial, mecanismo mais usado.
Além da blindagem do patrimônio, o advogado Eduardo Grangeiro, especialista do escritório SCA - Scalzilli Althaus em crise empresarial, tenta que os credores das duas empresas sentem à mesa e renegociem as dívidas com uma mediação.
— Eles estavam endurecendo, não negociando e até penhorando os bens — conta.
Com o avanço almejado, a ideia é que as empresas atraiam investidores. Há fundos, segundo Grangeiro, que se interessam pelos chamados "ativos estressados", que estão em reestruturação financeira, mas apresentam um bom preço exatamente por isso. No caso de uma das empresas, há até due diligence, tradicional investigação das finanças para investimento ou até possível compra futura.
A recuperação extrajudicial custa a metade da judicial, ressalta Grangeiro. Além do custo menor, é mais ágil e flexível, podendo tratar as dívidas de forma diferente.
— Quando somos procurados por um cliente que precisa respirar, não somos irresponsáveis. Na extrajudicial, não precisa passar pelo trauma da recuperação judicial, que é muito mais cara e tem o risco de falência a qualquer descumprimento — diz.
A Wolkan tem dívida em torno de R$ 25 milhões, formada a partir da saída de um sócio. Já a Cooling Freezing reestrutura débitos de R$ 50 milhões, originários da ampliação das atividades abraçadas pela empresa.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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