O agro brasileiro deve passar ao largo da piora da balança comercial chinesa. A queda de 14,5% nas exportações em julho - maior desde o início da pandemia - e de 12,4% nas importações ligou o alerta do mercado financeiro nesta terça-feira (8) de que a segunda maior economia do mundo estaria enfraquecendo mais do que o previsto. No entanto, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, mostra tranquilidade. Diz que as exportações do agronegócio à China estão bem maiores do que no ano passado e próximas do nível recorde.
- O agro sente menos. Ainda há crescimento chinês e ele ocorre principalmente em uma melhor alimentação - diz, observando que o PIB agropecuário brasileiro crescerá 12% em 2023.
O Rio Grande do Sul teve impacto de estiagem novamente nesta safra, mas foi menos intenso do que na do ano passado. Em julho, as exportações gaúchas à China caíram 30% sobre o mesmo mês do ano passado, mas em junho tinham aumentado 27%. Na média do ano e mesmo com cotações menores das commodities, ainda há um avanço de 5%, considerando também os produtos industrializados além dos agropecuários. É o principal destino dos embarques do Rio Grande do Sul.
A tranquilidade de Luz, porém, se esvai ao falar de logística. A produção aumentou nos últimos anos, mas não foi acompanhada por mais armazéns, estradas e hidrovias. Ele exemplifica que o frete para exportar soja gaúcha pelo Porto de Rio Grande é de R$ 110, que sobem para R$ 550 quando o grão vem do Centro-Oeste, o que se faz necessário no momento.
- Não temos onde armazenar, transportar e expedir. É esdrúxulo exportar soja do Centro-Oeste pelo porto gaúcho, se destrói valor, mas é o que temos no momento. O Rio Grande do Sul está exportando soja de outros Estados. Por isso, está bombando - afirma.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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