Centenas de projetos de energia solar estão travados no Rio Grande do Sul porque as distribuidoras pararam de liberar conexões do final de julho para cá. Conforme o último levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), de dias atrás, eram mais de 800 casos apontados envolvendo RGE e CEEE Equatorial, incluindo residências, empresas e propriedades rurais. A coordenadora da entidade no Sul, Mara Schwengber, estima em mais de R$ 500 milhões o investimento parado.
À coluna, CEEE Equatorial e RGE negaram existir o problema. Mas tem, inclusive em alguns outros Estados. A Absolar afirma que as distribuidoras argumentam que o sistema não pode absorver o chamado fluxo reverso, quando o consumidor (que também é gerador) joga na rede aquilo que produz a mais.
- A legislação determina que, nesses casos, a empresa de energia tem que informar alternativa para fazer o investimento caso necessário. Isso não está acontecendo, está um caos. Está se negando tudo, sem justificativa e de uma forma que não podemos auditar. Tem casos de negativas nas quais se faz um "copia e cola" para casos bem diferentes, só trocando o nome do cliente. E foi da noite para o dia que isso começou - explica Mara.
A entidade já se reuniu com as empresas. Nesta quarta-feira (17), a RGE sinalizou à Absolar que liberará projetos menores. Ministério Público Estadual e governo do Estado foram procurados pela entidade regional. Nacionalmente, a articulação é feita com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) principalmente, para deixar o processo transparente.
- Haver casos com usinas grandes, fazendas solares, ok. Mas não reprovar tudo como está ocorrendo - acrescenta Mara.
A situação pega o setor fotovoltaico em um momento difícil. A corrida do ano passado pisou forte no freio agora em 2023, quando começou a cobrança gradual da taxa para uso da rede elétrica e as próprias empresas recuaram na busca pelo consumidor. Várias delas fecharam as portas, enquanto algumas enfrentam até dificuldade de entregar projetos contratados.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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