O prazo da Argentina para pagar frete internacional como forma de segurar o dólar, que já represa US$ 200 milhões de transportadores brasileiros, será tema de reunião do governador Eduardo Leite nesta terça-feira (4) em Brasília com o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Quando o presidente Lula esteve no RS, na semana passada, recebeu as reivindicações do setor das mãos do líder do governo, deputado Frederico Antunes (PP).
Os pedidos da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI):
• Redução no prazo para pagamento de fretes de 90 para 45 dias, mantendo a média do que era praticado anteriormente;
• Reduzir o prazo de análise da SIRASE para 30 dias;
• Permitir mais previsibilidade com relação as liberações de fretes de importações com a Argentina, permitindo que as empresas possam se organizar, fazendo uma programação, orçamentos e datas de viagens;
• Buscar uma solução junto ao Governo Argentino para realizar gestões com o Brasil, para que sejam efetuados os pagamentos em reais pelo sistema de moeda local para serviços.
A coluna já vem tratando do assunto há quase um mês. Presidente da ABTI, Francisco Cardoso explica que, em abril, o Banco Central argentino, em uma tentativa de segurar dólares no país, publicou uma norma para que os fretes internacionais só fossem pagos após 90 dias da realização do serviço. Em maio, adicionou outra condição: para receber, é preciso ter uma licença prévia. Em junho, piorou, com o cancelamento de todos os pedidos de autorização protocolados até então, solicitando a discriminação se os serviços correspondiam a importação ou a exportação, adiando as anuências em mais 30 dias.
O pagamento do frete internacional costuma ser feito pela empresa que compra o produto. Ou seja, a Argentina adquire algo do Brasil, que é levado ao país vizinho por uma transportadora. A compradora paga o produto à empresa, e o frete diretamente ao transportador. Geralmente, o frete podia ser pago em pesos e então as empresas acessavam o mercado de câmbio para enviar as moedas para o Brasil. Esse processo, agora, que precisa esperar 90 dias. Isso gera um segundo problema, que é o risco de, com a inflação argentina, o pagamento se desvalorizar.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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