Um estaleiro no Rio Grande do Sul desmontará uma plataforma de petróleo da Petrobras em um serviço que durará 12 meses e vai gerar 250 empregos. O leilão para "reciclagem verde" foi vencido por Ecovix e Gerdau, que arremataram a estrutura por R$ 3,2 milhões. A notícia animou a região e foi detalhada ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, pelo diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra da entrevista no final da coluna.
Quando chega a estrutura?
Quando uma plataforma chega no fim de sua vida útil, precisa ser desligada. Após desmantelada, o aço e os equipamentos vão para o mercado de reciclados. A P-32 vem sendo "descomissionada" há quase dois anos. Ela ainda está lá na Bacia de Campos. A Gerdau está acertando trâmites com a Petrobras. A expectativa é que ela venha aqui para o estaleiro entre final de setembro e início de outubro. É um reboque oceânico. A plataforma tem 337 metros de comprimento por 54 metros de largura, pesa 40 mil toneladas. Só dois lugares no Brasil conseguiriam receber a unidade. Nós e o Estaleiro Atlântico Sul, e, felizmente, fomos contemplados e vamos iniciar o projeto.
Como é feita a desmontagem?
Tem uma engenharia por trás mais complexa do que na montagem, quando sabemos onde pegar a peça para colocar a bordo, como ela irá se comportar e como vamos instalar. Na desmontagem, eu preciso cortar e amarrar para içar o bloco ou o equipamento de uma forma correta. Os trabalhadores precisam ter uma formação específica.
Rio Grande se ressente da decadência do polo naval. O leilão animou o prefeito Fábio Branco para este novo nicho de mercado. Desmontar plataformas tem potencial maior?
É extremamente importante para o país. Nos últimos cinco anos, segundo o Instituto Aço Brasil, o país importou 800 mil toneladas de aço para reciclagem. Então, 40 mil toneladas, obviamente, ainda é um volume pequeno, mas a própria Petrobras tem várias unidades para desmantelar nos próximos cinco anos. Entendemos que esse é um mercado concreto. É uma atividade acessória para o Estaleiro Rio Grande, que foi projetado para construção, que vem se aquecendo também. A Petrobras já tem negócios na rua, como a P-84 e a P-85, que temos participado. A Transpetro tem falado em construir novas embarcações no país a partir de 2024. Estamos atentos. Mas o mercado de desmantelamento, nos próximos cinco anos, será muito quente no Brasil. São unidades muito grandes, que não cabem em qualquer estaleiro.
Ele tem condições de fazer as duas coisas ao mesmo tempo?
O dique tem 130 metros de largura por 350 de comprimento. Uma unidade dessas vai ocupar metade. A construção, que é feita nas fábricas, é montada depois dentro do dique. É possível atuar nas três áreas: construção, reparo e desmantelamento.
Mudando de energia, o estaleiro tem como participar da energia eólica offshore e de uma eventual cadeia de hidrogênio verde?
Sim, inclusive, temos recebido visitas de companhias internacionais, mas entendemos que é para o médio prazo. Sem a regulação, esse mercado não vai caminhar no Brasil, porque são investimentos muito pesados. Pelo tamanho e pelos equipamentos, o estaleiro seria um hub importante, seja para construção, operação ou manutenção destes parques de energia eólica offshore, que demandam de uma base próxima para logística e manutenção.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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