O ano não começou bem para o varejo, mas as fichas estão apostadas no segundo semestre. Ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, contou o que ouviu do presidente Lula e de ministros em reunião no Palácio do Planalto. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Mesmo que o Banco Central não reduza o juro nesta semana e apenas sinalize que deve fazê-lo na próxima reunião, já traria efeito positivo ao varejo?
Acreditamos que sim. As empresas podem mudar investimento, ofertas de produtos com preços melhores e dinamizar o varejo. Com a indicação, a tendência é de um segundo semestre melhor, somada a programas que o governo federal está desenvolvendo.
Qual retorno o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu sobre o combate à sonegação em compras feitas em sites estrangeiros?
Foi praticamente o primeiro assunto da reunião. Temos R$ 400 bilhões em sonegação tributária e perto de R$ 200 bilhões em trabalhista. Estratificando, vemos que no comércio internacional por plataformas digitais chega a R$ 40 bilhões. Estão previstas para 1º de julho uma instrução normativa e o plano de conformidade. Qualquer site estrangeiro vai recolher o imposto no ato da transação. O pessoal chama de "split de pagamento". Ou seja, quando passarmos o cartão de crédito para pagar um produto, vai sair o pedaço do preço de quem está vendendo, a taxa do cartão e o imposto devido para o governo. Vai ficar claro para quem compra. Nas redes sociais, alguns falam "poxa, vai custar mais caro", mas tem os que dizem "olha, fui surpreendido pois, quando chegou o meu produto, o governo estava me cobrando um imposto que eu não sabia que tinha, que tenho que pagar ou perco o produto".
Qual o efeito no varejo da queda do dólar e do recuo da inflação?
Bens duráveis são mais beneficiados com a queda do dólar, porque têm, em geral, componentes importados. De uma forma geral, vai ajudar bastante a economia. A queda da inflação é o mais importante, porque ela acaba com o poder aquisitivo. Essas medidas do governo para incentivar crédito de forma controlada, queda do dólar e arcabouço fiscal podem fazer a economia começar a andar, porque, de fato, o varejo sofreu muito nesse começo de ano.
* Colaborou Vitória Fagundes
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna