Fazia tempo que um relatório Focus não vinha tão otimista. O documento do Banco Central é divulgado todas as segundas-feiras, trazendo as projeções do mercado para os principais indicadores da economia. Nesta semana, melhoraram as apostas para inflação, PIB e dólar. Sim, até mesmo o câmbio. Foi reduzida a projeção do dólar para R$ 5,15, frente aos R$ 5,20 que apareciam há muito tempo na tabela. O PIB do ano passou de 1,02% para 1,20%.
Nos índices preços, destaque para o IPCA, cuja projeção de 2023 que caiu de 6,03% para 5,80%. É uma redução grande para o indicador oficial da inflação do país, mas ainda fica acima da meta. No índice dos contratos, o IGP-M, a aposta recuou de 2,03 para 1% apenas. Já os preços administrados deixaram de ficar nos dois dígitos, embora ainda se projete uma variação alta, de 9,5%.
Só faltou mesmo mudar o juro, já que a perspectiva para a Selic no final do ano ficou mantida em 12,5%. A Selic está em 13,75%.
- No IPCA, vejo efeito mais forte da política monetária global (de alta do juro) sobre bens e serviços e uma dinâmica mais benigna do preço dos alimentos, com as safras fortes de grãos, em especial soja e milho, e um ciclo longo de maiores abates de bovinos que deve reduzir o preço da carne. O segundo fator tem pouca relação com a política monetária, mas tem se mostrado um tema mais estrutural com efeito forte o suficiente para pegar no 2024. Isso está por trás também da projeção baixa para o IGP-M, que pega bastante alimentos. Torcer para que o El Niño no final do ano não reverta o cenário - analisa João Fernandes, economista da Quantitas Asset.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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