O Rio Grande do Sul teve destaque negativo na pesquisa de produção industrial feita pelo IBGE em janeiro. As fábricas gaúchas começaram o ano com a queda mais intensa do país, com um recuo de 3,4% sobre dezembro, anulando todo o crescimento do mês anterior. A influência negativa para o recuo do país só não foi maior do que a de São Paulo, que tem o parque industrial que, pela sua dimensão, mais pesa no cálculo. O resultado é influenciado pelo setor de derivados do petróleo.
- Em segundo lugar, também há o setor de produtos do fumo, que exerceu uma influência negativa sobre a indústria gaúcha - explica o analista da pesquisa do IBGE, Bernardo Almeida.
Na comparação com janeiro do ano passado, a queda foi ainda mais forte. No Rio Grande do Sul, o recuo foi de 7,7%, com perdas intensas em praticamente metade dos ramos pesquisados. Os principais foram alimentos (-11,8%) - certamente, com efeito de estiagem, metalurgia (-23,6%) e fumo (-24%). Aliás, impacto previsto para fevereiro com as férias coletivas na General Motors (GM), em Gravataí.
Setor que saltou na pandemia e depois despencou, móveis apresentaram um crescimento de 3,1%. Foi o melhor desempenho, mas é cedo para apontar que é uma tendência de recuperação, considerando que depende muito do poder aquisitivo da população e do juro, fatores de consumo que estão patinando para melhorar.
Pé esquerdo
A indústria começou 2023 com o pé esquerdo, alerta o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O resultado negativo foi difundido. Dos 25 ramos identificados pelo IBGE, houve perda de produção em onze. Regionalmente, oito dos 15 parques regionais ficaram no vermelho. Além disso, importantes centros industriais do centro-sul do país tiveram perdas bem mais intensas do que a média nacional, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
"Ou seja, passada a recuperação conjuntural do choque da pandemia, turbinada por medidas anticíclicas, como a criação do Auxílio Brasil, a indústria retomou uma trajetória descendente que em muitos casos levou a ramos e parques regionais a uma situação mais difícil do que o momento que antecedeu a chegada do Covid-19 no Brasil.", avalia o Iedi.
O pior resultado fica com as atividades que são bens de capital. Isso, em particular, é um mau sinal, porque sinaliza queda de investimento pelas próprias indústrias no seu parque fabril, sendo um importante termômetro de tendência.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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