A polêmica redução do juro do empréstimo consignado do INSS, o crédito para o agronegócio e a sucessão no Banrisul foram temas da entrevista do programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o diretor de Finanças e Relações com Investidores do Banrisul, Marcus Staffen. Confira trechos abaixo e o áudio na íntegra no final da coluna.
Mudou a operação do banco com a redução do teto para taxas do consignado a aposentados e pensionistas do INSS?
O banco segue operando normalmente nas suas agências, nos seus canais eletrônicos e postos de atendimento, ou seja, na rede própria Banrisul. Não houve alteração. Foram suspensas determinadas modalidades do consignado INSS via Bem Promotora, da qual o banco é sócio.
Qual é a diferença no juro do consignado do INSS, dos servidores estaduais, de prefeituras e de pessoas de empresas privadas?
Alguns possuem o que se chama de "taxa teto". Claro que o principal deles é o INSS. No consignado estadual, que é uma das principais carteiras do banco, ou mesmo nos principais municipais, não existe essa figura. As taxas do mercado são divulgadas semanalmente pelo Banco Central e ficam muito próximas a 2% ao mês.
A redução foi polêmica inclusive entre ministérios do governo federal. Entidades de bancos se manifestaram contrários e algumas instituições suspenderam os empréstimos consignados. Qual o impacto da redução no banco?
O mercado esperava uma redução um pouco menos dura, digamos assim. Vamos lembrar que o teto anterior do INSS era de 2,14% ao mês. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e a ABBC (Associação Brasileira de Bancos) esperavam uma redução mais próxima a 2%, que teria um benefício aos consumidores e a operação ainda ficaria viável, principalmente para bancos que trabalham com correspondente bancário, que nada mais é do que um veículo de distribuição desses produtos, que, por óbvio, onera mais um pouco a operação. Quando pensamos no Banrisul, da origem via correspondente bancário, a operação, na maioria das modalidades, realmente se torna inviável. Por isso, comunicamos a suspensão, mas na agência bancária, dado o nosso custo de captação abaixo de uma média de mercado, entendemos que ainda é possível.
Qual o tamanho do consignado do INSS para o banco?
Corresponde a R$ 10 bilhões, ou seja, um quinto da carteira de crédito do Banrisul. Quando se pensa no mercado como um todo, é pequeno. Não chega a 0,5%. Claro, no Rio Grande do Sul nós temos um market share (fatia de mercado) importante e é importante o Banrisul seguir trabalhando firme e forte com seus clientes. A carteira de consignado do banco é próxima a R$ 20 bilhões, ou seja, a carteira do INSS é metade. Os outros R$ 10 bilhões são em consignado estadual e servidores municipais, além de uma parcela reduzida em servidores federais.
Mudando para o crédito o agronegócio, virou uma grande aposta do banco, pelas falas do próprio governador Eduardo Leite e pelo resultado de vocês da Expodireto.
Essa estratégia vem desde a gestão anterior, que iniciamos em 2019. Foi uma retomada do banco no setor agro, com um importante trabalho interno para melhor estruturar essas operações. Essa carteira cresceu mais de 60% no ano passado. Divulgamos um crescimento projetado para 2023 mais próximo a 30%, mas tem boa possibilidade de ser superado. O banco não medirá esforços para seguir operando nessa linha tão importante na economia do Estado.
Há riscos para o Brasil da queda de bancos nos Estados Unidos e da crise no Credit Suisse?
Isso vem dominando a atenção dos mercados nesses últimos dias. Acho que o banco central americano foi muito rápido e agiu preventivamente para evitar contágio. É claro que, pensando em um banco como o Credit Suisse, os impactos podem ser bem grandes. Mas o mercado brasileiro vem muito bem capitalizado. O Banco Central, com a sua regulação mais rígida, mitiga muito o risco. Quando pensamos no Banrisul, pela lição de crises anteriores, reconhecimento, marca sólida, normalmente servimos de porto seguro.
Quais são os prazos para a indicação do próximo presidente do Banrisul?
A assembleia do Banrisul é no dia 27 de abril. Então, algumas semanas antes, é o prazo para essas indicações, que competem ao governador, não à direção do banco.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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