A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de manter a taxa de juro Selic em 13,75% era esperada. Assim como também já se imaginava que o Federal Reserve (o banco central norte-americano) elevasse em 0,25 ponto percentual a taxa referência dos Estados Unidos, indicando uma desaceleração no aperto monetário. Com os números postos, os focos se viram para o que as instituições manifestam em seus comunicados, e também aos impactos imediatos, como a (sensível) cotação do dólar. Juros altos são um remédio amargo para combater a inflação, mas podem atrair investidores estrangeiros, e suas moedas.
Da decisão dos EUA, a avaliação de Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas Asset, é de que, apesar de indicar que haverá novos aumentos de juros, faltou firmeza do presidente do Fed, Jerome Powell em apontar planos estruturados para o ciclo dessa alta. Isso reduz a estimativa de aumentos e enfraquece o dólar.
— Toda vez que expectativa do mercado de juros vai para baixo, a moeda norte-americana enfraquece. É o que acontece quando reduz a estimativa de altas e não SE valida a projeção de deixar os juros parados em 5%, como fez Powell.
Por aqui, as sinalizações do Banco Central, também já esperadas, de preocupação com o risco fiscal e de novas pressões inflacionárias fizeram com que o Copom deixasse uma porta "semiaberta" para novos aumentos de juros. É mais um fator a levar o real a se valorizar. Economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, pontua, porém, que o risco fiscal também afasta investidor de fora:
— Com as incertezas sobre os rumos fiscais do Brasil, o investidor estrangeiro tem certa apreensão.
Ele também destaca as projeções de crescimento global menor, o que seria um impeditivo para entrada de dólar. Por outro lado, tem a reabertura da China, que pode ser um sinal positivo para o Brasil.
— Trabalhamos com dólar a R$ 5,30 na média do ano — finaliza Bertotti.
Ontem, a moeda norte-americana fechou com um leve recuo, cotada a R$ 5,06.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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