O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
O consumo de energia elétrica pelo Sistema Interligado Nacional — ou seja, pela conhecida "rede elétrica" — caiu 1% no Rio Grande do Sul em 2022. No ano que passou, os gaúchos consumiram 3.992 megawatts médios, de acordo com levantamento enviado à coluna pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Os dados indicam que a queda foi puxada por uma redução de consumo no mercado regulado, que é o mais utilizado nas residências e pequenos negócios.
A curiosidade vem da ponderação feita por Ricardo Gedra, gerente de Análise e Informações ao Mercado na CCEE. À coluna, ele indica que essa redução no uso da rede em residências e pequenos negócios está atrelada ao crescimento de instalação de sistemas de energia solar.
— A queda no consumo de energia no Rio Grande do Sul em 2022 foi puxada por uma demanda 2,1% menor do mercado regulado, onde estão as residências e as pequenas empresas. Esse cenário é um reflexo, em especial, do crescimento do segmento de micro e minigeração distribuída na região, que são os painéis solares instalados em residências e estabelecimentos comerciais, que reduzem a demanda da rede — comentou Gedra à coluna.
Nessa modalidade de geração de energia, as residências são abastecidas diretamente pelo o que é produzido pelo sistema, sem passar pela rede elétrica interligada, que só entra na jogada quando há excesso ou falta de produção, ou à noite, explica Alan Spier, sócio-diretor da Ecosul Energia. Em 2022, a demanda cresceu muito, puxada, principalmente, pelo fim do prazo para conseguir isenção de tarifas.
De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), de janeiro, o Rio Grande do Sul tem 207 mil conexões operacionais, que atendem cerca de 273 mil consumidores. Para se ter uma ideia, no início de 2022, o número de usuários atendidos com esse sistema de geração de energia no Estado era de 127 mil. Ou seja, mais do que dobrou.
Mercado livre de energia
Se por um lado, houve queda no consumo da rede pelo mercado regulado, cresceu no Estado o ambiente livre de contratação de energia, com uma demanda 1,6% maior na comparação com 2021. Nessa modalidade, vendedores e compradores podem negociar energia elétrica de maneira livre, permitindo que os consumidores contratem o seu fornecimento de energia elétrica diretamente das empresas geradoras e de comercializadoras.
Dentro do mercado livre e entre os 15 ramos de atividade econômica com consumo monitorado pela CCEE no Estado, as maiores taxas de aumento foram registradas pelos setores de serviços (15,4%), comércio (15,0%) e alimentícios (7,9%).
— Para se ter uma ideia da representatividade deste mercado no Rio Grande do Sul, encerramos 2022 com 2.817 unidades consumidoras, avanço de cerca de 20% em relação a 2021, quando encerramos o período com 2.353 pontos de consumo. É um aumento significativo, porém, é válido destacar que corresponde a unidades de pequeno porte, pois os maiores consumidores já estão no ambiente livre, esse é um dos motivos para que, em termos de energia consumida, o resultado não seja tão expressivo — explica Gedra.
Produção de energia renovável
A CCEE faz um outro levantamento, que mostra a participação de usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa no total gerado pelo Sistema Interligado Nacional. No Rio Grande do Sul, 89,2% do que foi produzido de energia em 2022 veio de fontes renováveis. Em 2021, esse índice era de 80,3%. Ou seja, um aumento de praticamente nove ponto percentual. Crescimento foi puxado por maior geração pelas hidrelétricas, com elevação de 33,9%. Também tiveram leve participação fazendas solares e térmicas à biomassa. Já os parques eólicos entregaram 613 megawatts médios em 2022, uma redução de 4,2% em relação a 2021.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna